A
procura da felicidade assemelha-se, no fundo, a uma caçada difícil.
Taxando-a
por dom facilmente apresável, há quem a procure entre os mitos do ouro,
enferrujando as mais belas faculdades da alma, na fossa da usura; quem a
dispute no prazer dos sentidos, acordando no catre da enfermidade; quem lhe
suponha a presença na exaltação do poder terrestre, acolhendo-se à dor de
extrema desilusão, e quem a busque na retenção do supérfluo, apodrecendo de
tédio, em câmaras de preguiça.
Não
há felicidade, contudo, sem dever corretamente cumprido.
Observa,
pois, o dever de que a vida te incumbe.
Vê-lo-ás,
hora a hora, no quadro das circunstâncias.
Na
fé que te pede serviço.
No
serviço que te roga compreensão.
No
ideal que te pede caráter.
No
caráter que te roga firmeza.
No
exemplo que te pede disciplina.
Na
disciplina que te roga humildade.
No
lar que te pede renúncia.
Na
renúncia que te roga perseverança.
No
caminho que te pede cooperação.
Na
cooperação que te roga discernimento.
Por
mais agressivos se façam os empeços da marcha, não te desvies da obrigação que
te recomenda o bem de todos, sempre que puderes e quanto puderes, seja onde
for.
Porque
te mostres leal a ti mesmo, é possível que a maioria te categorize à conta de
ingrato e rebelde, fanático e louco.
A
maioria, no entanto, nem sempre abraça o direito.
Não
podemos esquecer que, no instante supremo da Humanidade, ela, a maioria, estava
com Barrabás e contra o Cristo.
Cumpre,
assim, teu dever, e, tomando da Terra somente o necessário à própria
manutenção, de modo a que te não apropries da felicidade dos outros, estarás
atingindo a verdadeira felicidade, que fulge sempre, como bênção de Deus, na
consciência tranquila.
(Religião dos Espíritos)