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QUEM SOMOS?

QUEM SOMOS?

O Grupo de Estudos Espíritas Nova Sagres é uma Associação constituída por pessoas da Maia e arredores, que se interessam pelo estudo, divulgação e a prática da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.

Nosso Objectivo:

NOSSO OBJECTIVO:

Contribuir, através do estudo e divulgação do Espiritismo, para que todos os habitantes deste nosso planeta Terra encontremos a razão da nossa existência.
De onde vimos, para onde vamos e porque estamos aqui hoje!
Porque é assim a nossa vida! O que poderemos fazer para a melhorar!

Horário

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO


Segunda-feira: - Estudo da Doutrina (Público) 21:00/22:30. Na primeira segunda-feira de cada mês, passaremos um filme de caráter espiritualista.


Terça-feira: - Encerrado.


Quarta-feira: (Público)
20:30 - Receção do Público
21:00 - Exposição Espírita (Palestra) seguida de Passe.



Quinta-feira: (Privado)
20:45 às 22:30 - Reunião de Trabalhadores.

Sexta-feira: - Encerrado


Sábado e Domingo - Encerrado.

Atendimento fraterno: apenas por marcação
Diamantino Cruz - Telem. 96 984 29 29




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E-mail: gee.nova.sagres@gmail.com


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Judas entrevistado por Humberto de Campos



JUDAS ESCARIOTES
Mensagem recebida em 19 de Abril de 1935



Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.

Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições. Os espíritos podem vibrar em contacto directo com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.

Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionómica irradiava-se uma simpatia cativante.

- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.

- Judas?!...

- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus actos de antanho...

Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.

-O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot?

– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...

- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?

- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus actos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galileia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sinédrium desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra.

Jesus estava entre essas forças antagónicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planeei então uma revolta surda como se projecta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.

- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?

- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores.

Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...

- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.

- Sim... Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino...

Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor...Olho complacentemente os que me acusam sem reflectir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.

Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...

- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.

Judas afastou-se tomando a direcção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.



Extraído do livro Crónicas de além túmulo, por Francisco C. Xavier/ Humberto de Campos

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A MEDIUNIDADE E A INSPIRAÇÃO



(Paris, grupo Desliens; 16 de fevereiro de 1869.) 

Sob suas formas variadas ao infinito, a mediunidade abrange a Humanidade inteira, como uma rede da qual nada  pode escapar. Todos estando diariamente em contacto, quer o saiba ou não, quer queira ou com isso se revolte, com inteligências livres, não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium. Sob a forma intuitiva, modo de comunicação ao qual o vulgo dá o nome de voz da consciência, cada um está em relação com várias influências espirituais, que aconselham num sentido ou num outro, e, frequentemente simultaneamente, ora o bem  puro, absoluto; ora os acomodamentos com o interesse; ora o mal em toda sua nudez.- O homem evoca essas vozes; elas respondem ao seu chamado, e  ele escolhe; mas escolhe, entre essas diferentes inspirações e seu próprio sentimento. -Os inspiradores são os amigos invisíveis; como os amigos da Terra, são sérios ou de passagem, interessados ou verdadeiramente guiados pela afeição. São consultados, ou aconselham espontaneamente, mas como os conselhos dos amigos da Terra, suas opiniões são escutadas ou rejeitadas; às vezes, eles provocam um resultado contrário àquele que deles se esperam; frequentemente, não produzem nenhum efeito. -Que se conclui disto? Não que o homem esteja sob a acção de uma mediunidade incessante, mas que obedece livremente à sua vontade, modificada pelos conselhos que não podem jamais, no estado normal, ser imperativos. 
Quando o homem faz mais do que se  ocupar dos pequenos detalhes de sua existência, e que trata dos trabalhos que veio mais especialmente cumprir, as provas decisivas que deve suportar, ou obras destinadas à instrução e à elevação gerais, as vozes da consciência não fazem mais somente e simplesmente aconselharem, elas atraem o Espírito sobre certos assuntos, elas provocam certos estudos e colaboram na obra fazendo ressoar certos compartimentos cerebrais pela inspiração. É aqui uma obra a dois, a três, a dez, a cem, se quiserdes; mas, se cem nela tomaram parte, um único pode e deve assiná-la, porque um único a fez e é dela responsável! 
O que é uma obra o que quer que ela seja antes de tudo? Jamais é uma criação; é sempre uma descoberta. Um homem não faz nada, ele descobre tudo. É preciso evitar confundir esses dois termos. Inventar, em seu verdadeiro sentido, é pôr à luz uma lei existente, um conhecimento até então desconhecido, mas depositado em germe no berço do universo. Aquele que inventa levanta um dos cantos do véu que esconde a verdade, mas não cria a verdade. Para inventar, é preciso procurar e procurar muito; é preciso compulsar os livros, folhear no fundo das inteligências, pedir a um a mecânica, ao outro a geometria, a um terceiro o conhecimento das relações musicais, a um outro ainda as leis históricas, e, do todo, fazer alguma coisa  nova, de interessante, inimaginada.
Aquele que explorou os recantos das bibliotecas, que escutou os mestres falarem, que pesquisou a ciência, a filosofia, a arte, a religião, da antiguidade mais recuada até nossos dias, por que o médium da arte, da história, da filosofia e da religião? É o médium dos tempos passados quando escreve a seu turno? Não, porque ele não conta os outros, mas aprendeu dos outros a contar, e enriquece seus relatos de tudo o que lhe é pessoal. - O músico por muito tempo escutou a toutinegra e o rouxinol, antes de inventar a música; Rossini escutou a Natureza antes de traduzi-la ao mundo civilizado. Ele é o médium do rouxinol e da toutinegra? Não, ele compõe e escreve. Escutou o Espírito que veio cantar-lhe as melodias do céu; escutou o Espírito que uivou a paixão aos seus ouvidos; ouviu gemerem a virgem e a mãe deixando cair, em pérolas harmoniosas, sua prece sobre a cabeça de seu filho. O amor e a poesia, a liberdade, o ódio, a vingança, e quantidade dos Espíritos que possuem esses sentimentos diversos, alternativamente cantaram suas partituras aos seus ouvidos. Ele os escutou, os estudou, no mundo e na inspiração, e de um e de outro, fez as suas obras; mas não era médium, não mais do que não é médium o médico que ouve os doentes contarem o que sentem e que dá o nome às suas doenças. - A mediunidade teve suas horas nele como  em todo outro; mas fora desses momentos muito curtos para a sua glória; o que fez, ele o fez só com a ajuda dos estudos hauridos nos homens e nos Espíritos. 
A esta conta, é-se médium de todos; é-se o médium da Natureza, o médium da verdade, e médium bem perfeito, porque, frequentemente, ela aparece de tal modo desfigurada pela tradução, que ela é irreconhecível e desconhecida. 

HALÉVY.
Revista Espírita de Março de 1869. 


sábado, 10 de novembro de 2012

O Segredo da Oração


No ano 24 d.C., Jesus se reunia em Cafarnaum com um pequeno grupo de discípulos, (entre os quais se encontrava José de Arimateia, em convalescença após grande viagem onde contraíra uma doença) para discutirem questões filosóficas, quando surge a questão da prece:

“ Seu senso de humor se fazia evidente com frequência em seu sarcasmo e, embora fossem amigos a quem ele amava, ele utilizava as farpas do sarcasmo para fazer com que suas mensagens atingissem o alvo.
-Se seu Pai celestial é omnisciente, como bem afirmamos – começava ele – não saberá de nossas necessidades antes de lhas contarmos? Não conhecerá a dimensão completa das nossas necessidades até mesmo melhor do que nós? Então você, só está diminuindo Deus quando se atreve a lhe contar o problema, não é mesmo?
Isto, era algo bem elaborado, mas de um enorme bom senso, como até mesmo os pescadores e colectores de impostos entendiam. Ele insistia mais ainda para que, ao rezar, não se mantivesse em mente uma solução pré-concebida para o problema.
- Porque vocês limitam Deus? – Dizia. – Deus pode imaginar soluções para lhes oferecer que são centenas de vezes mais generosas e desejáveis do que jamais imaginariam! Dêem a Deus a oportunidade de demonstrar seu amor por vocês!
- Mas, se nós não contarmos os nossos problemas e não ficarmos pensando na solução desejada – perguntou o surpreso Simão, - o que devemos dizer e que pensamentos devemos manter em nossas mentes?
- Ah, Simão! – Respondeu – Você chega tão perto da iluminação, mas não consegue ver o último passo. A resposta é simples, não é? – Dizia, enquanto olhava ao redor do círculo. Ao não obter resposta, ele completaria:
- Não digam nada! Esvaziem suas mentes, completamente! Esta é a prece perfeita. Então, Deus falará com você! E este é o grande segredo da oração que poucos homens conhecem.
De novo Simão, teimosamente arremeteria:
- Mas, Mestre, como esvaziar nossas mentes? Não importa se estou descansando ou trabalhando, minha mente é sempre um turbilhão: penso em meus problemas, esperanças e sonhos, coisas que podem ser bobas, mas estou sempre pensando. Não consigo pensar uma maneira de esvaziar minha mente!
- Simão, Simão – respondeu Jesus amorosamente, - jamais preciso me preocupar quando você está comigo, pois você sempre me lembrará o que é necessário. Sim, preciso ensinar como esvaziar suas mentes, pois é só desta maneira que a voz imperturbável e baixa de Deus os poderá guiar. Durante o tempo que nos é dado para estarmos juntos, eu lhes falarei a respeito da sabedoria que agora vocês podem aceitar. Além disso, vocês aprenderão pouco a pouco à medida que ouvem, enquanto Deus, nosso Pai, vos fala durante a meditação; pois Ele sempre saberá exactamente o que precisam e quanto podem aceitar.
A partir daí, durante vários fins-de-semana seguidos, ele nos orientou delicadamente em meditações guiadas, de vários tipos, as quais ele aprendera durante suas viagens. Estes exercícios tinham um só objectivo: concentrar nossas mentes e, então, aquietá-las.”

Enxerto do Livro "José de Arimateia o Discípulo de Jesus" de Frank C. Tribbe

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Momento da Gloriosa Transição


... Estamos agora em um novo período.
Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas e expiações para o  mundo de regeneração.
A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de bênçãos. Retroceder não mais é possível.
Firmastes, filhas e filhos da alma, um compromisso com Jesus, antes de mergulhardes na indumentária carnal, o de servi-lo com abnegação e devotamento.
Prometestes que lhes seríeis fiéis mesmo que vos fosse exigido o sacrifício.
Alargando-se os horizontes desse amanhecer que viaja para a plenitude do dia, exultemos juntos – os Espíritos desencarnados e vós outros que transitais pelo mundo de sombras – mas, além do júbilo que a todos nos domina, tenhamos em mente as graves responsabilidades que nos exornam a existência no corpo ou fora dele.
Deveremos reviver os dias inolvidáveis da época do martirológio. Seremos convidados, não somente ao aplauso, ao entusiasmo, ao júbilo, mas também ao testemunho. O testemunho silencioso nas paisagens internas da alma. O testemunho por amor àqueles que não nos amam. O testemunho de abnegação no sentido de ajudar aqueles que ainda se comprazem em gerar dificuldades, tentando inutilmente obstaculizar a marcha do progresso.
Iniciada a grande transição, chegaremos ao clímax, e na razão directa em que o planeta experimenta as suas mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais são inadiáveis.
Que sejamos nós aqueles Espíritos espíritas que demonstremos a grandeza do amor de Jesus em nossas vidas!
Que outros reclamem, que outros se queixem, que outros deblaterem, que nós outros guardemos nos refolhos da alma o compromisso de amar e amar sempre, trazendo Jesus de volta com toda a pujança daqueles dias que vão longe e que estão muito perto...
Jesus, filhas e filhos queridos, espera por nós! Que sejam o nosso escudo o amor, as nossas ferramentas o amor e a nossa vida um hino de amor! São os votos que formulamos, os Espíritos-espíritas aqui presentes, e que me sugeriram representá-los diante de vós.
Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra 
Muita paz, filhas e filhos do coração!


(Mensagem psicofónica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento das comemorações do Centenário de Nascimento de Chico Xavier, realizadas no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, no dia 18 de abril de 2010.)

domingo, 7 de outubro de 2012

Prescrições de Paz


  "Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,  
pois o amanhã trará os seus cuidados..."  
- JESUS. (Mateus, 6:34.).

  
  Na garantia do próprio equilíbrio, alinhemos algumas indicações de paz, destinadas a
imunizar-nos contra a influência de aflições e tensões, nas quais, tanta vez
imprevidentemente arruinamos tempo e vida:
- corrigir em nós as deficiências suscetíveis de conserto, e aceitar-nos, nas falhas cuja
supressão não depende ainda de nós, fazendo de nossa presença o melhor que pudermos,
no erguimento da felicidade e do progresso de todos:
- tolerar os obstáculos com que somos atingidos, ante os impositivos do aperfeiçoamento
moral, e entender que os outros carregam igualmente os deles;
- observar ofensas como retratos dos ofensores, sem traçar-nos a obrigação de recolher
semelhantes clichês de sombra;
- abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas para o futuro, que provavelmente
nunca virão a sobrevir;
- admitir os pensamentos de culpa que tenhamos adquirido, mas buscando extinguir-lhes os
focos de vibrações em desequilíbrio,  através de reajustamento e trabalho;
- nem desprezar os entes queridos, nem prejudicá-los com a chamada superproteção
tendente a escravizá-los ao nosso modo de ser;
- não exigir do próximo aquilo que o próximo ainda não consegue fazer;
- nada pedir sem dar de nós mesmos;
- respeitar os pontos de vista alheios, ainda quando se patenteiam contra nós, convencidos
quanto devemos estar de que pontos de vista são maneiras, crenças, opiniões e afirmações
peculiares a cada um;
- não ignorar as crises do mundo; entretanto, reconhecer que, se reequilibrarmos o nosso
próprio mundo por dentro - esculpindo-lhe a tranquilidade e a segurança em alicerces de
compreensão e actividade, discernimento e serviço -  perceberemos, de pronto, que as crises
externas são fenómenos necessários ao burilamento da vida, para que a vida não se
tresmalhe da rota que as Leis do Universo lhe assinalam no rumo da perfeição.

Ceifa de Luz, Emmanuel/Chico Xavier

sábado, 15 de setembro de 2012

Quando o homem gravar em sua alma a Divina Lei

Quando o homem gravar na própria alma
Os parágrafos luminosos da Divina Lei,
O companheiro não repreenderá o companheiro,
O irmão não denunciará outro irmão.

O cárcere cerrará suas portas,
Os tribunais quedarão em silêncio.
Canhões serão convertidos em arados,
Homens de armas volverão à sementeira do solo.

O ódio será expulso do mundo,
As baionetas repousarão,
As máquinas não vomitarão chamas para o
incêndio e para a morte,
Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário.

A justiça será ultrapassada pelo amor,
Os filhos da fé não somente serão justos,
Mas bons, profundamente bons.

A prece constituir-se-á de alegria e louvor
E as casas de oração estarão consagradas ao trabalho sublime da
fraternidade suprema.

A pregação da Lei
Viverá nos atos e pensamentos de todos,
Porque o Cordeiro de Deus
Terá transformado o coração de cada homem
Em tabernáculo de luz eterna,
Em que o seu Reino Divino
Resplandecerá para sempre.


Do livro "Pão Nosso" - Francisco Cândido Xavier/Emmanuel.

domingo, 26 de agosto de 2012

Necessário Acordar



"Desperta, ó tu que dormes, levanta-te
dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá."
- Paulo Efésios 5:14


Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus. Alguns encontram obscuridade nos textos, outros protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra.
Esses amigos, entretanto, não percebem que isto ocorre, porque permanecem dormindo, vítimas de paralisia das faculdades superiores.
Na maioria das ocasiões, os convites divinos passam por eles, sugestivos e santificantes; todavia, os companheiros distraídos interpretam-nos por cenas sagradas, dignas de louvor, mas depressa relegadas ao esquecimento. O coração não adere, dormitando amortecido, incapaz de analisar e compreender. A criatura necessita indagar de si mesma o que faz, o que deseja, a que propósitos atende e a que finalidades se destina. Faz-se indispensável examinar-se, emergir da animalidade e erguer-se para senhorear o próprio caminho.
Grandes massas, supostamente religiosas, vão sendo conduzidas, através das circunstâncias de cada dia, quais fileiras de sonâmbulos inconscientes. Fala-se em Deus, em fé e em espiritualidade, qual se respirassem na estranha  atmosfera de escuro pesadelo. Sacudidas pela corrente incessante do rio da vida, rolam no turbilhão  dos acontecimentos, enceguecidas, dormentes e semimortas até que despertem e se levantem, através do esforço pessoal, a fim de que o Cristo as esclareça.

(De “Pão Nosso”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Evangelho no Lar






1. Escolha o dia de sua preferência. Sugerimos um dia de fácil memorização, por exemplo, segunda ou sexta-feira.
2. Escolha um aposento silencioso e agradável da casa, de preferência a sala de jantar, e que esteja com os aparelhos eletro-eletrônicos desligados.
3. Coloque uma jarra com água sobre a mesa, para fluidificação. Na falta dessa podem ser utilizados copos, qualquer um, em número correspondente aos integrantes do Evangelho.
4. Sentar-se à mesa sem alarde e sem barulho.
5. Fazer a prece de abertura, a que toque mais fundamente o sentimento familiar. Pode ser uma prece pronta ou uma prece espontânea, o importante é, repetimos, o sentimento da fé e a confiança na Proteção Divina.
6. Após, fazer uma leitura breve de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Comentar com palavras próprias o trecho lido. No início poderá existir certa timidez mas, com o correr do tempo, os comentários surgirão espontaneamente pois que os Espíritos amigos estarão auxiliando na compreensão dos textos selecionados.
7. Os demais integrantes poderão tecer comentários também, caso o desejem, mesmo que estes levem a assuntos pessoais e/ou a diálogos, naturalmente que sempre pertinentes ao tema em foco. O Evangelho no Lar é antes de tudo uma reunião de Espíritos reencarnados no mesmo ambiente, buscando através da prece, da elevação de pensamentos e do diálogo fraterno, o amparo e o auxílio do Mais Alto para seus problemas e necessidades. Não deve ser jamais solene ou ritualístico, com palavras e movimentos decorados a lembrar missas e demais cultos.
8. Para incentivar a participação dos filhos ou demais membros, com exceção do pequeninos, é conveniente pedir que leiam mensagens espíritas, para reflexão do grupo. Incentivar também, com carinho, o comentário após a leitura. Sugerimos aqui os livros Fonte Viva e/ou Pão Nosso, de Emmanuel, Agenda Cristã e/ou Sinal Verde, de André Luiz.

9. Proferir a prece de encerramento e rogar, como exemplo, pela paz, harmonia, saúde e felicidade dos membros da reunião e de todos com os quais convivem. Desejando, rogar também pelos doentes, desamparados e infelizes da Terra. Por último, pedir a bênção de Deus para os familiares desencarnados, sem temor. A lembrança da prece alegra e pacifica os que partiram.
10. É completamente desaconselhável qualquer manifestação mediúnica durante o Evangelho no Lar.
11. Servir, após a prece de encerramento, a água fluidificada.
12. Tempo: o necessário para a família. Sugerimos uma reunião de 15 a 30 minutos. Música: sim, se for do agrado de todos. Sugerimos música instrumental, em volume baixo.

Elaborado pelo Instituto André Luiz
Site Espírita André Luiz - www.institutoandreluiz.org/

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Determinismo e Livre-arbítrio


Determinismo e Livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens.
O primeiro é absoluto nas mais baixas camadas evolutivas e o segundo amplia-se com os valores da educação e da experiência.
A determinação divina na sagrada lei universal é sempre a do bem e da felicidade, para todas as criaturas.
No lar humano, não vedes um pai generoso e ativo, com um largo programa de trabalhos pela ventura dos filhos? E cada filho, cessado o esforço da educação na infância, na preparação para a vida, não deveria ser um colaborador fiel da generosa providência paterna pelo bem de toda a comunidade familiar? Entretanto, a maioria dos pais humanos deixa a terra sem ser compreendida, apesar de todo esforço despendido na educação dos filhos.
Nessa imagem muito frágil, em comparação com a paternidade divina, temos um símile da situação.
O Espírito que, de algum modo, já armazenou certos valores educativos, é convocado para esse ou aquele trabalho de responsabilidade junto de outros seres em provação rude, ou em busca de conhecimentos para a aquisição da liberdade. Esse trabalho deve ser levado a efeito na linha reta do bem, de modo que esse filho seja o bom cooperador do Pai Supremo, que é Deus. O administrador de uma instituição, o chefe de oficina, o escritor de um livro, o mestre de uma escola, têm a sua parcela de independência para colaborar na obra divina, e devem retribuir a confiança espiritual que lhes foi deferida. Os que se educam e conquistam direitos naturais, inerentes à personalidade, deixam de obedecer, de modo absoluto, no determinismo da evolução, porquanto estarão aptos a cooperar no serviço das ordenações, podendo criar as circunstâncias para a marcha ascensional de seus subordinados e irmãos em humanidade, no mecanismo de responsabilidade da consciência esclarecida.
Nesse trabalho de ordenar com Deus, o filho necessita considerar o zelo e o amor paternos, a fim de não desviar sua tarefa do caminho reto, supondo-se senhor arbitrário das situações, complicando a vida da família humana, e adquirindo determinados compromissos, por vezes bastante penosos, porque, contrariamente ao propósito dos pais, há filhos que desbaratam os “talentos” colocados em suas mãos, na preguiça, no egoísmo, na vaidade e no orgulho.
Daí a necessidade de concluirmos com a apologia da Humanidade, salientando que o homem que atingiu certa parcela de liberdade está retribuindo a confiança do Senhor, sempre que age com a sua vontade misericordiosa e sábia, reconhecendo que o seu esforço individual vale muito, não por ele, mas pelo amor de Deus que o protege e ilumina na edificação de sua obra imortal.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier/Emmanuel.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Medicina não reconhece obsessão


Em termos históricos sabe-se que a Medicina Ocidental como um todo e a Psiquiatria, em particular, têm apresentado posturas de negligência ou oposição em relação à religiosidade e à espiritualidade. A negligência se evidencia por desconsiderar a importância desses dois aspectos em termos de saúde ou por se encontrarem à margem do interesse principal. Por outro lado a oposição ocorre por se acreditar que as diversas experiências ditas religiosas eram características marcantes de psicopatologias das mais variadas. No entanto, diversos estudos têm surgido apresentando associação positiva entre religiosidade/espiritualidade e saúde. O destaque maior se direciona para os transtornos mentais e de conduta, indicando que a religiosidade é fator protetor para o suicídio, abuso de drogas e álcool, comportamento delinqüente, sofrimento psicológico e alguns diagnósticos de psicoses funcionais. Também se sabe que pacientes deprimidos os quais mantém algum vínculo religioso permanecem menos tempo internados comparados aos não religiosos.

Atenta a esses estudos a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem discutido, desde 1983 na Assembléia Mundial de Saúde, a inclusão da dimensão “espiritual” no seu clássico conceito de saúde. Dessa forma, saúde seria considerada “um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença”. No entanto, o assunto permanece em discussão e a OMS tem rejeitado a modificação do conceito já conhecido nas mais diversas Assembléias que tem realizado desde então. Por outro lado, devido à importância crescente a qual tem obtido a qualidade de vida como medida de avaliação de resultados de tratamento médico a OMS desenvolveu o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100). Através de tal instrumento buscou-se, em primeiro lugar, conceituar-se qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

O WHOQOL-100 consiste em 100 perguntas referentes a seis domínios, entre os quais o domínio “espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais”. A elaboração deste domínio conta com a base conceitual de qualidade de vida transcrito acima e é descrita como sendo a faceta a qual “examina as crenças da pessoa e como estas afetam a qualidade de vida”. É importante salientar a ênfase dada aos termos “contexto da cultura”, “sistema de valores” e “crenças da pessoa”. O construto espiritualidade para a OMS apresenta o valor intrínseco para avaliação em saúde e o quanto essa dimensão oferece ao indivíduo um referencial de significados para enfrentar as suas dificuldades de doença. Com isso, conclui-se que a espiritualidade não é considerada no seu valor ontológico com a aceitação de uma realidade espiritual “imaterial”. Isso, diferente do que é indicado pela Doutrina Espírita a qual considera o Espírito com um Ser real e admite o intercâmbio com inteligências extracorpóreas, além da pluralidade das existências.

Outro ponto a ser considerado são os fenômenos psíquicos caracterizados, sobretudo por experiências psicóticas e anômalas as quais são frequentes na população geral sem indicar, necessariamente, transtornos psicóticos ou dissociativos de caráter patológico. O diagnóstico diferencial entre tais experiências, em especial as de conteúdo espiritual e religioso, e os transtornos mentais citados é essencial para se evitar diagnósticos errôneos e iatrogenia. Nesse ponto a OMS através da Classificação Internacional de Doenças (CID 10), assim como da 4° Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, busca direcionar a atenção clínica com o objetivo de justificar a avaliação de experiências religiosas e espirituais vivenciadas em fenômenos de “transe e possessão” como parte constituinte da investigação psiquiátrica sem, no entanto, caracterizá-las como psicopatológicas. No entanto, tais manuais não tratam de etiologia e, portanto, em hipótese alguma, cogitam a ação de seres extracorpóreos sobre seres que sofrem tais experiências. Mais uma vez, a visão, nesse sentido, obedece ao “contexto da cultura”, o “sistema de valores” e a “crença da pessoa”. A Medicina, dessa forma, não reconhece a obsessão.

É inegável que a Ciência dita oficial deve, sem dúvida alguma, abrir-se a novas hipóteses se isentando de todo e qualquer preconceito. Aliás, são os preconceitos os quais tem levado à idéia equivocada do materialismo como fato científico. Pode-se, no máximo, afirmar que o materialismo é crença e é nela que têm se baseado teorias reducionistas que por hora não tem encerrado o debate, por exemplo, da relação mente-corpo. Porém, ainda existe uma enorme distância entre a compreensão do que é a dimensão espiritual para a comunidade científica vigente e a maneira com a qual é descortinada pela Doutrina Espírita. A “pobreza da linguagem humana”, tal qual colocado de forma constante pelos Espíritos em “O Livro dos Espíritos”, leva os indivíduos a se utilizarem de termos iguais para definirem idéias diferentes. Haja vista os termos “espiritualidade”, “transe” e “possessão” conforme transcrito acima. Kardec, em a Introdução do “Livro dos Espíritos”, “Ao Estudo da Doutrina Espírita”, já alerta para a “confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras”. Tal confusão ocorre nos mais diversos segmentos da sociedade e nas mais distintas culturas. No meio científico não é diferente.

Mas, além disso tudo, o Espiritualismo no seu sentido geral, caso não se baseie em sólidas bases filosóficas e científicas também será visto como crença. Cabe aos ditos espiritualistas sedimentar seus estudos através de pesquisas sérias e conceitos os quais não sugiram confusão. Daí a necessidade de homogeneizar a linguagem e somar conhecimentos para criar uma sólida integração entre Ciência e Espiritualidade/Espiritismo. Isso, pois, ainda como colocado por Kardec no texto supracitado, o fato dos espiritualistas se oporem ao materialismo não significa que creiam na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o chamado mundo invisível.




Referências bibliográficas

Kardec A 1857. Ao Estudo da Doutrina Espírita – Introdução. O Livro dos Espíritos, 91° edição, pg.15-16. FEB editora.

Fleck MPA 2000. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, 5(1):33-38.

Fleck MPA et al. 2003. Desenvolvimento do WHOQOL, módulo espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais. Rev Saúde Pública, 37(4): 446-55.

Moreira-Almeida A, Cardeña E. 2011. Diagnóstico diferencial entre experiências espirituais e psicóticas não patológicas e transtornos mentais: uma contribuição de estudos latino-americanos para o CID-11. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol 33, Supl I.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Morri e agora!?


Geraldo Campetti Sobrinho
Breves reflexões sobre a morte.
A principal surpresa do indivíduo ao se defrontar com a experiência da morte é a de que continua vivo. A morte não existe. Acreditar na imortalidade espiritual implica em modificar por completo os padrões de vida quando comparados com o perfil do materialista, que não crê em nada além da morte. Aquele que imagina o fim absoluto ao término da existência física não tem razão alguma para ser uma boa pessoa, ajudar o outro, ser honesto, solidário, caridoso. Tudo deixará de existir mesmo; então, para que considerar a ética e os valores defendidos pelos moralistas?

No entanto, quando admitimos a continuidade existencial após o sepulcro, somos naturalmente impelidos a adotar mínimas providências para considerar como ficará nossa situação do outro lado da vida.As concepções religiosas acerca do assunto são variadas e, às vezes, conflitantes. Mas, esta é a razão da existência de diversas religiões, pois cada uma explica à sua maneira como ficará a alma após a morte do corpo físico. Céu, inferno, purgatório, sono eterno, espera de julgamento são opções tradicionais que as doutrinas dogmáticas ofertam a seus profitentes. O Espiritismo tem mais a oferecer.
A vida futura contém a explicação para o entendimento da mensagem de Jesus. Sem a perspectiva do porvir, ficamos limitados a estreitos horizontes que nos impedem de ampliar a visão para entendimento mais amplo do verdadeiro significado da vida, em sua expressão de imortalidade. Um amigo comentava ainda outro dia: “o maior patrimônio que Deus ofereceu ao homem foi conferir-lhe o dom de ser imortal”. Essa condição é inerente à nossa natureza. Portanto, não há como excluí-la, por mais que alguém tenha esse propósito. Nem nós mesmos conseguimos eliminar a essência divina que guardamos na intimidade do ser, pois reconhecer a paternidade de Deus implica assumir a postura de filhos. Entretanto, por mais que tenhamos a ideia de nossa imortalidade, a experiência da morte física é algo que ainda nos causa estranheza, surpresa e, por que não dizer, em algumas situações, mal-estar?! 
Nascemos, morremos, renascemos inúmeras vezes, e continuamos nos acertos e desacertos das provas e expiações, repetindo lições não aprendidas, indo e vindo e tornando a voltar... E a morte, ainda nos causando enorme impacto! Quando observamos e acompanhamos entes queridos, familiares ou amigos próximos, despedindo-se da vida impermanente e acessando o portal da realidade imorredoura, é quase inevitável refletirmos sobre a transitoriedade da existência passageira e a importância da vida perene.
É indispensável que tais reflexões se manifestem enquanto estivermos a caminho, do lado de cá. E o Espiritismo concede-nos essa extraordinária oportunidade, por nos oferecer os elementos indispensáveis para que pensemos mais amplamente, entendendo a essência da vida no antes e depois da breve passagem pela vida material.
Do outro lado da vida não há milagres. E a morte não nos transformará num “passe de mágica”. A situação a ser encontrada por lá é exatamente a que estamos construindo aqui neste momento. Por isso, não percamos tempo em dúvidas e questionamentos desnecessários; esforcemo-nos por praticar a lei de justiça, amor e caridade em sua essência e plenitude. Isso sim é que fará a diferença fundamental entre a nossa felicidade ou infelicidade no grande amanhã que aguarda a todos.

Referências:

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 28, it. 40 e 41.
______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 165. SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da morte? 3. ed. Bauru, SP: CEAC, 2003. XAVIER, Francisco C. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

domingo, 3 de junho de 2012

Paternidade Responsável




Clara Lila Gonzales de Araújo
“E havia certo oficial, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. Ele, ao ouvir que Jesus viera da Judeia para a Galileia, foi até ele e rogava-lhe que descesse e curasse seu filho, pois estava prestes a morrer. [...] O oficial diz para ele: Senhor, desce antes que meu filho morra. Jesus lhe diz: Vai, o teu filho vive. O homem acreditou na palavra que Jesus lhe havia dito e partiu. Ele já estava descendo, quando os servos o encontraram, dizendo que o filho dele vive.” (João, 4:46-47 e 49-51.)1
A belíssima passagem da cura do filho de um oficial em Cafarnaum, narrada por João, destaca importante mensagem a ser refletida por nós, não apenas pela capacidade de Jesus em transmitir energias curadoras - efeito de seu extraordinário poder de agir sobre os fluidos apropriados, capazes de sarar, de forma instantânea, dores e males diversos –, mas pela singularidade da situação vivida por aquele pai que foi ao encontro do Mestre, esperançoso de salvar o filho. Apesar de sua situação de militar régio, que o destacava na sociedade judaica daquela época, não teve dúvidas em procurar Jesus para pedir-lhe ajuda.
O ato qualifica-o como pai amoroso e bom, preocupado com a grave situação familiar, e como homem submisso e cheio de fé na missão providencial do Cristo, certificando-se da grandeza do patrimônio divino, ao testemunhar a redenção do seu amado filho, e da magnitude da graça que havia recebido.
Esse episódio evangélico serve-nos como referência para a análise da lamentável situação espiritual de determinados homens, em desacordo com o expressivo preceito cristão, destacado anteriormente, que abandonam suas responsabilidades junto aos filhos gerados, na maioria das vezes negando a paternidade, afastando-se da parceira e provocando, “[...] naturalmente, em numerosas circunstâncias, o colapso das forças mais íntimas naquela que se viu relegada a escárnio ou esquecimento”.2 Espíritos encarnados que falham como pais, fugindo de suas obrigações no círculo doméstico e renunciando ao compromisso de viver ao lado dos filhos, alguns recém-nascidos, do que sobrevêm inúmeras crises futuras para aqueles que se sentem largados e desprezados por seus genitores, qualquer seja o meio social e econômico em que reencarnem.

A decisão de se querer comprovar a progenitura, por meio de exames da Medicina hodierna que contribuem para o reconhecimento biológico de filiação da criança em desamparo, concede ao filho determinadas vantagens pecuniárias ao ser confirmada a sua descendência, no entanto, tais recursos não invalidam a fraqueza, a negligência e a ignorância moral que são tendências perniciosas cultivadas pelo pai em prejuízo do pequenino ente desprezado. Essas providências médicas e jurídicas, entretanto, nem sempre são utilizadas por certas mães que se constrangem, envergonhadas, e preferem se desvincular de qualquer relacionamento com o agressor, tentando, individualmente, refazer a estabilidade de sua vida social e econômica em benefício do rebento a ser amparado. Mesmo considerando que a companheira prejudicada tenha a liberdade de se empenhar na luta em prol do seu reequilíbrio, é necessário que ela faça “revisão criteriosa do próprio comportamento para verificar até que ponto haverá provocado a agressão moral sofrida”,3 ao ter os elos afetivos rompidos de forma traumática.

Esse delicado assunto nem sempre é avaliado com a preocupação de se buscar soluções éticas e morais que contribuam para o equilíbrio espiritual das partes lesadas. A dor sentida pelos seres relegados ao abandono pode se transformar em procedimentos destoantes de uma vida mental e condição emotiva estáveis. Se alguma coisa se modifica na organização afetiva de um ser humano, ela repercute em todo o indivíduo, influenciando na sua capacidade intelectiva, nas suas atitudes e no seu comportamento. Algumas mães se ressentem tanto do abandono do parceiro que se tornam pessoas depressivas, amargas, sem esperanças; tornam-se irritadas, pouco afetivas e retraídas, e sentem-se desamparadas diante das necessidades filiais. Outras mulheres apegam-se em demasia aos filhos, expressando excesso de afeição e sentimento exagerado de conduta maternal. Além daquelas que, magoadas, negligenciam completamente os cuidados a se ter para com a criança! “[...] Apenas o amor que sabiamente se divide, em bênçãos de paz e alegria para com os outros, é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade.”4

De que forma esses temas são tratados pelos autores espirituais?
Alertam-nos os Espíritos superiores sobre os cuidados que a mãe e o pai devem ter para com seus filhos:

É, sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. [...] Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do 
bem.5


Muitos jovens, infelizmente, sucumbem, considerando os efeitos desastrosos que surgem da negligência dos pais no encaminhamento de suas vidas terrenas, entre eles o uso pernicioso de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas. Preponderâncias nocivas que são causadoras de graves problemas existentes no mundo, aplicáveis a uma parte da juventude atual, que parece priorizar certos defeitos, tais como: um ceticismo amargo e zombeteiro, transformando-os em homens e mulheres egoístas e indiferentes ao sofrimento alheio, em meio a conflitos de interesses pelas causas materiais, que parecem dominar suas expectativas para o futuro. Sobre o problema, Allan Kardec destaca os resultados da falta da boa educação moral, que consiste  para elena “arte de formar os caracteres”, porquanto “a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”:

[...] Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. [...] Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.6

Outro gravíssimo problema, entre as várias abordagens que essas questões suscitam, refere-se, especialmente, à irresponsabilidade dos jovens que, desejando viver em desregramento sexual, tornam-se pais imaturos, sem aceitarem a filiação, entregando seus filhos aos avós para que eles os criem e assumam a incumbência de assisti-los em suas necessidades básicas, permitindo-lhes buscar novas e desvairadas experiências juvenis. A mentora Joanna de Ângelis, nobilíssima educadora espiritual, traz à tona essa situação, alertando-nos:

Habitem ou não os avós no mesmo núcleo, a sua deve ser uma conduta afável, sem interferências diretas no comportamento dos educadores. A sua experiência é-lhes válida, no que diz respeito aos seus compromissos em relação aos demais membros do clã, havendo cessado, ao concluir a educação dos filhos e deixando-os agora assumir os próprios deveres.7

Muitas vezes, pelos descomedimentos de mimos concedidos aos netos, os avós respondem “pelas extravagâncias desses órfãos de pais vivos”.8 Os jovens deveriam arcar com as obrigações ao escolherem os seus parceiros, aceitando, por amor, as lutas árduas e difíceis que travarão para a construção de uma vida a dois, tendo como primeiro dever os cuidados a oferecer ao ser em formação e ter o apoio de seus pais, cuja contribuição não deve ultrapassar os limites da sua condição de familiares e amigos, que compreendem a situação com tolerância e carinho.
Enquanto ignorarmos o alcance dos atos que cometemos, sobretudo os prejudiciais às demais pessoas, e suas consequências em nossos destinos, não conquistaremos melhoria espiritual. O problema é acima de tudo moral, e seremos infelizes enquanto praticarmos o mal.
É preciso fazer a parte que nos cabe para a renovação da sociedade! Indicamos, como providência de máxima relevância para este programa regenerador, o aprofundamento de estudos nas instituições espíritas, contribuindo para que os pais possam ampliar os seus conhecimentos sobre assuntos pertinentes à família e à educação num enfoque essencialmente espírita, à luz do Evangelho de Jesus.

Referências:

1DIAS, Haroldo D. (Trad.) O novo testamento. Brasília: Edicei, 2010.
2XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 10, p. 51-52.
3______. ______. p. 53.
4______. ______. Cap. 11, p. 58.
5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 582.
6______. ______. Comentário de Kardec à q. 685.
7FRANCO, Divaldo P. Constelação familiar. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, 2008. Cap. 6, p. 50.
8______. ______. p. 51-52.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Lei do Amor


O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra -amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.

O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.

Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. - Lázaro. (Paris, 1862.)

*  *  *

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Auto-encontro


A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva o indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas, que o deixam frustrado, normalmente insatisfeito.


Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se lhe torna meta prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina, deixando-o aturdido.


A sucessão de transferências termina por exauri-lo, ferindo-lhe os interesses reais que ficam á margem.


Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para a aquisição de valores que contribuem para a paz e a realização do ser inteligente. Isto, porém, somente será possível quando o centro de interesse não se desviar do tema central, que é a evolução.


Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de conteúdos, a fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo curso e duração.


Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos aparentes, ensejando a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos plenificadores.


Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por motivos óbvios, pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e coletivo, a saúde e a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias ceifando os ideais de enobrecimento humano.


*


Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o auto-encontro.


Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás, descobrindo o teu ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e realização.


Certamente, os primeiros tentames não te concederão resultados apreciáveis.


Perceberás que a fixação da mente na interiorização será interrompida, inúmeras vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da falta de harmonia.


Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará prejudicada pela irrupção das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes de tua conduta inquieta, irregular, conflitiva.


*


Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das vezes, pelo inconsciente, que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado normal das próprias construções mentais anteriores.

A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim de mergulhares nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede acesso às praias da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior.

Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias ambições, que cultivas por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros engodos; o desaparecer de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam.

Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais abater pelo desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros.

Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à incompreensão gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção à necessidade de valorização do ser profundo e indestrutível que és.

Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável vitória.

Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de dar-lhe prosseguimento se as dificuldades e distrações do ego se te apresentarem perturbadoras.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Não te Canses


Não nos desanimemos de"
fazer o bem, pois, a seu
tempo ceifaremos, se não
"desfalecermos
(Paulo (Gálatas, 6:9)

Quando o buril começou a ferir o bloco de mármore embrutecido, a pedra, em desespero, clamou contra o próprio destino, mas depois, ao se perceber admirada, encarnando uma das mais belas concepções artísticas do mundo, louvou o cinzel que a dilacerara.
A lagarta arrastava-se com extrema dificuldade, e, vendo as flores tocadas de beleza e perfume, revoltava-se contra o corpo disforme; contudo, um dia, a massa viscosa em que se amargurava converteu-se nas asas de graciosa e ágil borboleta e, então, enalteceu o feio corpo com que a Natureza lhe preparara o vôo feliz.


O ferro rubro, colocado na bigorna, espantou-se e sofreu, inconformado; todavia, quando se viu desempenhando importantes funções nas máquinas do progresso, sorriu reconhecidamente para o fogo que o purificara e engrandecera.


A semente lançada à cova escura chorou, atormentada, e indagou por que motivo era confiada, assim, ao extremo abandono; entretanto, em se vendo transformada em arbusto, avançou para o Sol e fez-se árvore respeitada e generosa, abençoando a terra que a isolara no seu seio.


Não te canses de fazer o bem.


Quem hoje te não compreende a boa-vontade, amanhã te louvará o devotamento e o esforço.


Jamais te desesperes, e auxilia sempre.


A perseverança é a base da vitória.


Não olvidas que ceifarás, mais tarde, em tua lavoura de amor e luz, mas só alcançarás a divina colheita se caminhares para diante, entre o suor e a confiança, sem nunca desfaleceres.

* * *

Xavier, Francisco Candido. Da obra: Fonte Viva.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
21a edição. Lição 124. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1997.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Árvore dos Sonhos

Para ver o filme completo, clique sobre o título. Podemos encontrar aqui a chave "como mudar o mundo". Clique na janela "cc" para ver com legendas.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Narrativa de um Viciado Morto

“Meu nome é Cláudio. Desencarnei em acidente, devido ao excessivo consumo de álcool e drogas. Tinha nas mãos todos os recursos para vencer, segundo os moldes da vida. Não vou afirmar que fui alucinado por más companhias. Todos nós buscamos as pessoas com as quais mais nos identificamos.
Se derrapei no mal e fui vampirizado por entidades que me torturaram o corpo e posteriormente o espírito, se desci à mais negra degradação, se entorpeci meus sentidos anulando-me fisicamente, só a mim cabe a culpa.
Fui aquinhoado com inteligência, pais amoráveis, segurança financeira. Nunca me faltou dinheiro, amigos, confiança. Essa excessiva confiança, talvez, tenha sido a causa maior de minha falência.
Quando comecei a trilhar os primeiros passos do vício, e pedir dinheiro e mais dinheiro, se meus pais tivessem me observado, me acompanhado, se tivessem sido mais vigilantes e menos pródigos, talvez meu caminho tivesse sido outro.
Mergulhei em sofrimentos inenarráveis. Sofri todas as torturas, conheci o “inferno” de perto. Eu que nasci talhado para vencer, conheci os abismos insondáveis das torpezas humanas e espirituais.
Jovens, sede prudentes! Valorizem os tesouros da vida, se amparem nas leituras edificantes, fujam dos amigos da noite e das horas vazias.
Quando socorrido numa colónia abrigo para desintoxicação, rememorei meus dias passados, minha bola colorida, meu velocípede, meus livros, meus discos, meus pratos predilectos, meu bombom favorito. Chorei de desespero com saudade do menino que fui.
Ah! Se eu pudesse transformar num passe de mágica o tempo que vivi eu mudaria tudo. Mas, não tenho mais tempo... Perdi minha chance.
Me resta agora o arrependimento, a dor, a saudade.
Meu Deus, como sou infeliz! Mas queixas não transformam destino.
Agora é recomeço difícil. Quase nada conheci, nem pude realizar. Na próxima vida, muito menos farei. Renascerei num lar pobre com pessoas desconhecidas e que precisam da prova de um filho mongolóide. Difícil caminho, eu sei...
Mas pior seria permanecer como estou, anulado e sufocado de remorso.
Quando virem um jovem alegre e ele lhe parecer um vencedor, orem por ele. Quem sabe se no meio da multidão inconsciente e inconsequente não caminha apenas mais um vencido!"

Médium: Shyrlene Soares Campo / Busca e Acharás - Agosto de 2000

terça-feira, 27 de março de 2012

Carta aos Espíritas




Se foste chamado à luz
Da grande revelação,
Lembra, amigo, que a doutrina
É o pensamento cristão.


Fenómenos, teorias,
Ciências daquilo ou disto,
Já eram velhos no mundo,
Bem antes de Jesus Cristo.


"Nada novo sob o sol"
Dizia já Salomão.
Toda a grande novidade
Inda é a nossa imperfeição.


Capacita-te, portanto,
Que a tua necessidade
É a de aplicar o Evangelho,
Por tua felicidade.


Não há espíritos-guias,
Nem mensageiros do Além
Que façam mais que Jesus
Na santa lição do Bem.


Se já escutaste no mundo
A doce voz do Espaços,
Corrige o teu coração,
Regulariza os teus passos.


O Além não se comunica
Tão só para o teu agrado,
Mas a fim de que realizes
O ensino do Mestre Amado.


Não peças muito aos teus guias
Completa orientação,
Porque serem desencarnados,
Não vivem na perfeição.


O esforço próprio é uma lei
Das mais nobres que há na vida;
A morte não representa
Liberdade redimida.


Restringe as tuas perguntas
No instante de tuas preces.
Não sabes o que desejas
Mas Deus sabe o que mereces.


Cumpre sempre os teus deveres.
Trabalho e realização
São das preces mais sublimes
De tua religião.


Para as horas de amargura,
Para as dúvidas da sorte,
O Evangelho é a luz da vida
Que esclarece além da morte.


No desempenho sagrado
De tua excelsa missão,
Não te afastes da tarefa
De paz e de redenção.


Não te percas no caminho.
És bem o trabalhador
De quem Jesus vive à espera
Dos testemunhos de amo

Casimiro Cunha

domingo, 18 de março de 2012

Quem busca, acha


Emmanuel

“Porque qualquer que pede, recebe; e quem busca, acha.” — Jesus. (LUCAS, capítulo 11,
versículo 10.)

Ao experimentar o crente a necessidade de alguma coisa, recorda maquinalmente a promessa do Mestre, quando assegurou resposta adequada a qualquer que pedir.

Importa, contudo, saber o que procuramos. Naturalmente, receberemos sempre, mas é imprescindível conhecer o objeto de nossa solicitação.

Asseverou Jesus: “Quem busca, acha.”

Quem procura o mal encontra-se com o mal igualmente.

Existe perfeita correspondência entre nossa alma e a alma das coisas. Não expendemos uma hipótese, examinamos uma lei.

Para os que procuram ladrões, escutando os falsos apelos do mundo interior que lhes é próprio, todos os homens serão desonestos. Assim ocorre aos que possuem aspirações de crença, acercando-se, desconfiados, dos agrupamentos religiosos. Nunca surpreendem a fé, porque tudo analisam pela má-fé a que se acolhem. Tanto experimentam e insistem, manejando os propósitos inferiores de que se nutrem, que nada encontram, efetivamente, além das desilusões que esperavam.

A fim de encontrarmos o bem, é preciso buscá-lo todos os dias.

Inegavelmente, num campo de lutas chocantes como a esfera terrestre, a caçada ao mal é imediatamente coroada de êxito, pela preponderância do mal entre as criaturas. A pesca do bem não é tão fácil; no entanto, o bem será encontrado como valor divino e eterno.

É indispensável, pois, muita vigilância na decisão de buscarmos alguma coisa, porquanto o Mestre afirmou: “Quem busca, acha”; e acharemos sempre o que procuramos.

Livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Rencarnação vs Biologia

Muito interessante este ponto de vista do médico Décio Iandoli Jr. Para visualizar o vídeo, Clique no Título "Reencarnação vs Biologia" 
Importante: O video será removido em 29 de abril.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Perdão das Ofensas



Quantas vezes perdoarei ao meu irmão? Perdoá-lo-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete. Eis um desses ensinos de Jesus que devem calar em vossa inteligência e falar bem alto ao vosso coração. Comparai essas palavras misericordiosas com a oração tão simples, tão resumida, e ao mesmo tempo tão grande nas suas aspirações, que Jesus ensinou aos discípulos, e encontrareis sempre o mesmo pensamento. Jesus, o justo por excelência, responde a Pedro: Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias, serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?

            Ouvi, pois essa resposta de Jesus, e como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai a indulgência, sede caridosos, generosos, e até mesmo pródigos no vosso amor. Daí, porque o Senhor vos dará; abaixai-vos, que o Senhor vos levantará; humilhai-vos, que o Senhor vos fará sentar à sua direita.

            Ide, meus bem-amados, estudai e comentai essas palavras que vos dirijo, da parte daquele que, do alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhos voltados para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoai, pois, os vossos irmãos, como tendes necessidade de ser perdoados. Se os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a mais para serdes indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal, e não haveria nenhum em passar por alto os erros de vossos irmãos, se estes apenas vos incomodassem de leve.

            Espíritas, não vos olvideis de que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve afastar-se dele, nem mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo.

Simeão, Bordeaux 1862 (Evang. Seg. Espiritismo).