Numa obra intitulada:
Charles Fourier, sua vida e suas obras, por Pellarin, encontrasse uma
carta de Fourier ao Sr. Muiron, datada de 3 de dezembro de 1826, pela qual ele
prevê os fenómenos futuros do Espiritismo.
Ela está assim
concebida:
"Parece que os
Srs. C. e P. renunciaram ao seu trabalho sobre o magnetismo. Eu apostaria que
eles não fariam valer o argumento fundamental: é que, se tudo está ligado
no universo, devem existir os meios de comunicação entre as criaturas do
outro mundo e deste; quero dizer: comunicação de faculdades,
participação temporária e acidental das faculdades dos ultramundanos ou
defuntos, e não comunicação com eles. Esta participação não pode ter lugar no
estado de vigília, mas somente num estado misto, como o sono ou outro. Os
magnetizadores encontraram esse estado? Eu o ignoro? mas, em princípio, sei que
deve existir."
Fourier escreveu isto
em 1826, a propósito dos fenómenos sonambúlicos; ele não poderia ter nenhuma
ideia dos meios de comunicação direta descobertos vinte e cinco anos mais
tarde, e nem lhe concebia a possibilidade senão num estado de desligamento, aproximando
de alguma sorte os dois mundos; mas ele não tinha menos a convicção do fato
principal, o da existência dessas relações.
Sua crença sobre um
outro ponto capital, o da reencarnação sobre a Terra, é ainda mais precisa
quando ele diz: Tal mau rico poderá retornar mendigo à porta do castelo do
qual foi o proprietário. É o princípio da expiação terrestre nas
existências sucessivas, em tudo semelhante ao que ensina o Espiritismo, segundo
os exemplos fornecidos por essas
mesmas relações entre
o mundo visível e o mundo invisível. Graças a essas relações, esse
princípio de justiça, que não existia no pensamento de Fourier senão no estado
de teoria ou de probabilidade, tornou-se uma verdade patente.
(Revista Espírita de fevereiro de 1859).