Os anjos guardiães são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre. Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as necessidades com unção e devotamento inigualáveis. Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando eles, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos despenhadeiros da alucinação. Vigilantes, utilizam-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão. Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta. São sábios e evoluídos, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, que buscam transmitir, de modo que as criaturas se integrem psiquicamente na harmonia geral que vige no Cosmo. Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem àqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou no fracasso, nos momentos de elevação moral e naqueloutros de perturbação e vulgaridade. Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levantando-as após a queda, e permanecendo leais até que alcancem a meta da sua evolução. Os anjos guardiães são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha. Constituem a casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da humanidade e da Terra, trabalhando com afinco para alcançar as metas que anelam. Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada a um anjo guardião, em quem pode e deve buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele conduzir em nome da Consciência Cósmica.
*
Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião. Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora. Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante. Quando alcances as cumeadas do êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres. Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio. Na saúde, mantém o intercâmbio, canalizando tuas forças para as atividades enobrecedoras. Muitas vezes sentirás a tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração. O teu anjo guardião não poderá impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus pensamentos e atos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações... Todavia te induzirão ao amor, a fim de que te eleves e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem. O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo. Imana-te a ele. Entre eles, os anjos guardiães e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da humanidade. Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus levará ao Pai Amoroso. |
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1994. |
Acerca de mim
- Grupo de Estudos Espíritas Nova Sagres
- Maia, Porto, Portugal
- Centro Comercial Venepor, Loja 64 - Rua Simão Bolivar, 123, 4470-214 Maia
QUEM SOMOS?
QUEM SOMOS?
O Grupo de Estudos Espíritas Nova Sagres é uma Associação constituída por pessoas da Maia e arredores, que se interessam pelo estudo, divulgação e a prática da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.
O Grupo de Estudos Espíritas Nova Sagres é uma Associação constituída por pessoas da Maia e arredores, que se interessam pelo estudo, divulgação e a prática da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.
Nosso Objectivo:
NOSSO OBJECTIVO:
Contribuir, através do estudo e divulgação do Espiritismo, para que todos os habitantes deste nosso planeta Terra encontremos a razão da nossa existência.
De onde vimos, para onde vamos e porque estamos aqui hoje!
Porque é assim a nossa vida! O que poderemos fazer para a melhorar!
Horário
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Segunda-feira: - Estudo da Doutrina (Público) 21:00/22:30. Na primeira segunda-feira de cada mês, passaremos um filme de caráter espiritualista.
Terça-feira: - Encerrado.
Quarta-feira: (Público)
20:30 - Receção do Público
21:00 - Exposição Espírita (Palestra) seguida de Passe.
Quinta-feira: (Privado)
20:45 às 22:30 - Reunião de Trabalhadores.
Sexta-feira: - Encerrado
Sábado e Domingo - Encerrado.
Atendimento fraterno: apenas por marcação
Diamantino Cruz - Telem. 96 984 29 29
Segunda-feira: - Estudo da Doutrina (Público) 21:00/22:30. Na primeira segunda-feira de cada mês, passaremos um filme de caráter espiritualista.
Terça-feira: - Encerrado.
Quarta-feira: (Público)
20:30 - Receção do Público
21:00 - Exposição Espírita (Palestra) seguida de Passe.
Quinta-feira: (Privado)
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segunda-feira, 10 de junho de 2013
Ânjos Guardiães
terça-feira, 28 de maio de 2013
Ante as Crises do Mundo
As crises, as dificuldades, os desregramentos do mundo!...
De modo habitual, referimo-nos às provações terrestres, mormente nas épocas de transição, como se nos regozijássemos em ser folha inerte nas convulsões da torrente.
Em verdade, o mundo encontra-se em renovação incessante, qual sucede a nós próprios, e, nas horas de transformações essenciais, é compreensí-vel que a Terra pareça uma casa em reforma, temporariamente atormen-
tada pela transposição de linhas e reajustamento de valores tradicionais. Tudo em reexame, a fim de que se revalidem os recursos autênticos da civilização, escoimados da ganga dos falsos conceitos de progresso, dos quais a vida se despoja para seguir adiante, mais livre e mais simples, conquanto mais responsável e mais culta.
Natural que a existência em si mesma, nessas ocasiões, se nos afigure como sendo um pai-torturado de paixões à solta.
Costumamos olvidar, porém, que o mundo é o mundo e nós somos nós. Entre o passageiro e o comboio que o transporta, há singulares e inconfundíveis diferenças. Se o veículo ameaça desastre, é possível que o viajante, dentro dele, se converta em ponto de calma, irradiando reequilíbrio.
Assim também, no Planeta. Somos todos capazes de fazer cessar em nós qualquer indução à indisciplina ou à desordem. Cada qual pode assumir as rédeas do comando íntimo e estabe-lecer com a própria consciência o encargo de calafetar com a bênção do serviço e da prece todas as brechas da alma, de modo a impedir a invasão da sombra no barco de nossos inte-resses espirituais, preservando-nos contra o mergulho no caos, tanto quanto auxiliando aqueles que renteiam connosco na viagem de evolução e de elevação.
Faze-te, pois, onde estiveres, um ponto assim de tranquilidade e socorro. O deserto é, por vezes, imenso; no entanto, bastam algumas fontes isoladas entre si para garantirem a jorna-da segura através dele. Na ausência do Sol, uma vela consegue acender milhares de outras, removendo o assédio da escuridão.
Que o mundo se encontra em conflitos dolorosos, à maneira de cadinho gigantesco em ebu-lição para depurar os valores humanos, é mais que razoável, é necessário. Entretanto, acima de tudo, importa considerar que devemos ser, não obstante as nossas imperfeições, um ponto de luz nas trevas, em que a inspiração do Senhor possa brilhar.
(Copiado do Mensageiro da União: Órgão da União Fraterna)
De modo habitual, referimo-nos às provações terrestres, mormente nas épocas de transição, como se nos regozijássemos em ser folha inerte nas convulsões da torrente.
Em verdade, o mundo encontra-se em renovação incessante, qual sucede a nós próprios, e, nas horas de transformações essenciais, é compreensí-vel que a Terra pareça uma casa em reforma, temporariamente atormen-
tada pela transposição de linhas e reajustamento de valores tradicionais. Tudo em reexame, a fim de que se revalidem os recursos autênticos da civilização, escoimados da ganga dos falsos conceitos de progresso, dos quais a vida se despoja para seguir adiante, mais livre e mais simples, conquanto mais responsável e mais culta.
Natural que a existência em si mesma, nessas ocasiões, se nos afigure como sendo um pai-torturado de paixões à solta.
Costumamos olvidar, porém, que o mundo é o mundo e nós somos nós. Entre o passageiro e o comboio que o transporta, há singulares e inconfundíveis diferenças. Se o veículo ameaça desastre, é possível que o viajante, dentro dele, se converta em ponto de calma, irradiando reequilíbrio.
Assim também, no Planeta. Somos todos capazes de fazer cessar em nós qualquer indução à indisciplina ou à desordem. Cada qual pode assumir as rédeas do comando íntimo e estabe-lecer com a própria consciência o encargo de calafetar com a bênção do serviço e da prece todas as brechas da alma, de modo a impedir a invasão da sombra no barco de nossos inte-resses espirituais, preservando-nos contra o mergulho no caos, tanto quanto auxiliando aqueles que renteiam connosco na viagem de evolução e de elevação.
Faze-te, pois, onde estiveres, um ponto assim de tranquilidade e socorro. O deserto é, por vezes, imenso; no entanto, bastam algumas fontes isoladas entre si para garantirem a jorna-da segura através dele. Na ausência do Sol, uma vela consegue acender milhares de outras, removendo o assédio da escuridão.
Que o mundo se encontra em conflitos dolorosos, à maneira de cadinho gigantesco em ebu-lição para depurar os valores humanos, é mais que razoável, é necessário. Entretanto, acima de tudo, importa considerar que devemos ser, não obstante as nossas imperfeições, um ponto de luz nas trevas, em que a inspiração do Senhor possa brilhar.
(Copiado do Mensageiro da União: Órgão da União Fraterna)
domingo, 12 de maio de 2013
Pluralidade dos Mundos Habitados (Livro)
Advertência da 29º edição
Vinte anos se passaram desde a publicação
da primeira edição desta obra. Quando, em 1862, jovem aluno-astrônomo no
Observatório de Paris, recebi do editor deste estabelecimento o convite para
imprimir minha obra primitiva, eu não me dava conta da repercussão que
rapidamente encontrou no mundo dos leitores. Por mais interessante que me
parecesse pessoalmente, a questão astronômica e filosófica da pluralidade dos
mundos não me parecia suscetível de cativar a atenção popular. O acontecimento
mostrou o contrário: vinte e nove vezes esta obra foi reimpressa na França
durante estes vinte anos, e foi traduzida para as principais línguas da Europa,
da Ásia e da América.
Depois deste lapso de tempo, pode-se
refletir um instante neste fato, menos individual do que parece. A astronomia
deixou de ser uma ciência abstrata, reservada somente a um pequeno número de
praticantes. Tornou-se popular, conforme a esperança formulada por Arago há
trinta anos, esperança que o engenhoso astrônomo não chegou a ver realizada.
Até então as pessoas consideravam esta ciência
como inacessível, e além do mais desprovida de interesse direto, digno
de prender útil e agradavelmente sua atenção. Hoje, começam a convencer-se de
que se enganavam. O conhecimento do sistema do mundo é acessível a todas as
mentes. O estudo do Universo é ao mesmo tempo interessante e importante.
Nenhuma ciência abre horizontes tão vastos e pode melhor encantar a alma
contemplativa que a bela, a divina ciência do céu. Nenhuma é tão indispensável
para formar uma instrução positiva, real, exata; pois sem ela, vivemos como
vegetais, sem saber o que nos faz viver, o que é esse sol cujos raios iluminam,
adoecem e fecundam este planeta, o que é esta Terra sobre a qual repousam
nossos pés, que forças a sustentam e levam-na pelo espaço, que leis regem os
anos, as estações e os dias; vivemos sem saber quais são esses outros mundos
que brilham acima de nossas cabeças, nem o que é o céu, essa extensão infinita
no seio da qual se passam e se sucedem as várias existências de todos os
mundos. A astronomia abrange, em seu estudo, o conjunto do Universo. Todos
entendem agora que é preciso ter pelo menos uma noção elementar desse conjunto,
para saber avaliar nosso mundo segundo seu justo valor, não mais tomá-lo como
centro e fim da criação, nem manter idéias falsas apoiadas há tantos séculos
sobre esta ilusão. Sem a astronomia, é impossível raciocinar, seja em
filosofia, em religião, ou mesmo em política. Pois o destino do homem não é o
mesmo se a Terra constitui sozinha o Universo, ou se ela não é mais que um
ponto imperceptível perdido no Grande Todo: o deus dos exércitos deixa de receber
piedosos holocaustos; a humanidade terrestre não é mais a única família do
Criador; o começo e o fim da Terra não
são O começo e o fim do mundo; em suma, os princípios que acreditávamos
absolutos são apenas relativos, e uma nova filosofia, grande e sublime,
ergue-se sozinha sobre o conhecimento moderno do Universo.
Sinto-me refiz, de minha parte, de ter
podido servir para inaugurar esta nova filosofia, tornando o estudo da
astronomia tão popular quanto possível. Desde a primeira edição desta obra, sempre
tive o cuidado de manter as novas edições ao coerente dos progressos constantes
da ciência. Ao longo das obras sucessivas persegui, ele ano em ano, segundo
diferentes pontos de vista, a solução da mesma tese, e vi com alegria que estas
obras não foram menos favoravelmente acolhidas que esta. Não experimento nenhum
sentimento de mesquinha vaidade, mas sim uma alegria profunda em observar que
os homens começam a ter a idade da razão, refletem, deixam pouco a pouco os
ídolos para se aproximar da Verdade.
Passar-se-ão muitos anos, séculos ainda,
antes que esta singular humanidade terrestre adquira totalmente o uso da razão,
antes que ela saiba se conduzir, antes que ela deixe de nos oferecer
espetáculos semelhantes aos que vimos se desenrolar em nossa própria pátria, há
apenas doze anos, e que continuam a se reproduzir por toda a humanidade
"civilizada", antes que ela se erga, enfim, acima da animalidade,
para tornar-se um pouco espiritual e manifestar gostos intelectuais. Mas,
quanto mais difícil é o progresso, mais enérgicos devera ser nossos esforços.
Trabalhemos, pois, de comum acordo para educar esta raça ainda bárbara, para
libertá-la do jugo da ignorância, para propagar em seu seio as sementes da
verdade e do bem, e para multiplicar o número daqueles que, saindo do caminho
estreito, conheçam outra coisa que não os apetites materiais e sintam
desenvolver-se em si uma alma responsável chamada a destinos superiores.
Camille Flammarion, Paris, 1882
terça-feira, 30 de abril de 2013
terça-feira, 16 de abril de 2013
André Luiz
"Quero trabalhar e conhecer a satisfação dos cooperadores anónimos da felicidade alheia. Procurarei a prodigiosa luz da fraternidade através do serviço às criaturas, olvidando o próprio nome que deixo para trás por amor a Deus e a elas. Revisto-me transitoriamente de outra personagem para melhor ensinar e amparar. Sou André Luiz."
O ano de 1944 marca a estreia de André Luiz no mercado editorial espírita brasileiro, revolucionando, de certo modo, a concepção geral acerca da vida pós-túmulo. "Nosso Lar" descreve as atividades de uma cidade espiritual próxima à Terra, e transforma-se em objeto de estudo, discussão e deslumbramento nos círculos espíritas do país.
Portas até então cerradas se abrem de par em par, revelando vida e trabalho, continuidade e justiça onde imperavam dúvidas e suposições.
Todos querem saber mais sobre o autor.
André Luiz não é o seu verdadeiro nome.
Dele sabe-se apenas que foi médico sanitarista, no século iniciante, e que exerceu sua profissão no Rio de Janeiro, Brasil. Segundo suas próprias palavras, optou pelo anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender que "a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade".
Declara Emmanuel, no prefácio de "Nosso Lar", que ele, "por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão."
Imensa curiosidade cerca a personalidade do benfeitor e aventam-se hipóteses, sem que se chegue à sua real identidade.
André Luiz, no entanto, fiel ao desejo de servir sem láureas, e atento ao compromisso com a verdade, prossegue derramando bênçãos em forma de livros, sem curvar-se à curiosidade geral.
Importa o que tem a dizer, de espírito à espírito.
A vaidade do nome ou sagrações passadas já não encontram eco em seu coração lúcido e enobrecido.
André Luiz foi, positivamente, dentre todos os Benfeitores que escreveram aos encarnados o que manteve fidelidade maior aos postulados espíritas, notadamente a Allan Kardec. O seu trabalho, no que concerne à forma e ao fundo, notabiliza-se em tudo pelo respeito e lealdade mantidos, ao longo do tempo, ao Codificador e à Codificação.
Por mais de quatro décadas, André Luiz trabalhou ativamente junto a Seara Espírita, lhe exornando a excelência e clarificando caminhos.
Chico Xavier, o médium que serviu de "ponte", hoje desencarnado, não pode mais oferecer mão segura à transmissão de seus ensinamentos luminosos.
Não sabemos se André Luiz retornará pela mão de outro médium.
Deste modo, resta apenas, aos espíritas e admiradores, o estudo de sua obra magnífica, calando interrogações para ater-se às lições ministradas, de mente despojada e coração agradecido.
Como ele, certamente, aguarda seja feito.
(©Lori Marli dos Santos - Instituto André Luiz. Todos os direitos autorais reservados conforme Lei 9.610, de 19.02.98)
sábado, 16 de março de 2013
Verdades Incontestáveis
Quem faz o bem sobre a Terra, não tem com o que se preocupar com questões relacionadas à Vida além da morte.
*
Se perdoar é difícil, procure viver de tal maneira que, seja a quem for, você não tenha que fazê-lo.
*
Muitas vezes, é em seus descendentes mais próximos que o orgulho do homem começará a ser quebrado.
*
No ato de julgar atitudes alheias, quem o faz costuma redigir, sem apelação, a sua própria sentença condenatória.
*
A porta, de fato, é tão estreita que, por ela, você só poderá passar sozinho.
*
Quem se permite afetar pelas críticas, de certa maneira está dando razão a elas.
*
Quando você disser que não é humilde, acredite nisso.
*
Eu gostaria muito de voar, mas, antes de fazê-lo, preciso me levantar e, nem que seja a passos vacilantes, começar a caminhar para frente.
*
Você pode estar numa poça de lama, mas pode ser como a semente que dela se aproveita para germinar e florescer.
*
Ninguém gosta de apanhar, mas, sem apanhar, ninguém efectivamente deixa de bater.
*
Se você aprender a trabalhar no clima do silêncio, numa existência poderá avançar mais que a somatória de todas as outras que você já teve.
*
A grandeza do Cristianismo também foi feita pelo sacrifício dos cristãos anónimos que, ignorados pela História, pereceram nos circos do martírio.
*
Você não se sentiria envergonhado de ser feliz no meio da infelicidade de tanta gente?
*
O que você diz, e como diz, não tem mais importância que aquilo que você tem no coração.
*
Seria de bom alvitre que, evitando o improviso, você, desde agora, já começasse a preparar a sua futura existência na Terra.
*
Entre as sombras do caminho, o amor é luz na alma, mas caridade é uma lanterna na mão.
*
Quem se dispõe a seguir com Jesus, não tem como evitar o Calvário.
Inácio Ferreira/Carlos Baceli - Uberaba – MG, 19 de novembro de 2012.
domingo, 10 de março de 2013
Sociedades Edificadas na Pilhagem
A ilação dolorosa que se pode extrair da situação actual é a de que essas sociedades foram edificadas à revelia do Evangelho, necessitando as suas bases de mais profundas transformações. Fundadas com o rótulo de Cristianismo, elas não o conheceram. À sombra do Deus antropomórfico que criaram para as suas comodidades, inverteram todas as lições do Salvador, em cujo ideal de fraternidade e pureza asseveraram progredir e viver. Distanciadas, porém, como se encontram, de uma identidade perfeita com os estatutos evangélicos, as sociedades europeias sucumbem sob o peso da sua opulência miserável. Suas fontes de cultura acham-se visceralmente envenenadas com as suas descobertas e ciências, que são recursos macabros para a destruição e para a morte. Não existe, ali, nenhuma unidade espiritual, à base do espírito religioso, mantenedora do progresso colectivo.
Como poderá persistir de pé uma civilização dessa natureza, se todos os seus trabalhos objectivam o extermínio dos mais fracos, estabelecendo o condenável critério da força? O Ocidente terá de conhecer uma vida nova. Um sopro admirável de verdades há-de confundir os seus erros seculares. As sociedades edificadas na pilhagem hão-de purificar-se, inaugurando o seu novo regime à base da lição fraterna de Jesus.
Esperemos, confiantes, a alvorada luminosa que se aproxima, porque, depois das grandes sombras e das grandes dores que envolverão a face da Terra, o Evangelho há-de criar, no mundo inteiro, a verdadeira Cristandade.
Nota: Este capítulo foi transcrito do livro "Emmanuel", psicografado em 1938 por Chico Xavier. A esta distância, é fácil verificar que se adivinhava, próxima, uma guerra mundial. Hoje, 75 anos passados, este texto continua actual. Esperemos que, desta vez, a alvorada luminosa se concretize, dependerá de cada um de nós!
quinta-feira, 7 de março de 2013
Eutanásia e Vida
Amigos da Terra perguntam frequentemente pela opinião dos companheiros desencarnados, com respeito à eutanásia. E acrescentam que filósofos e cientistas diversos aderem hoje à ideia de se apoiar longamente a morte administrada, seja por imposição de recursos medicamentosos ou por abandono de tratamento.
Declaram-se muitos deles confrangidos diante dos problemas das crianças que surgem desfiguradas no berço, ou à frente dos portadores de enfermidades supostas irreversíveis, muitas vezes em estado comatoso nos recintos de assistência intensiva.
Alguns chegam a indagar se os pequeninos excepcionais devem ser considerados seres humanos e se existe piedade em delongar os constrangimentos dos enfermos interpretados por criaturas semimortas, insensíveis a qualquer reação. Entretanto, imaginam isso pela escassez dos recursos de espiritualidade de que dispõem para dilatar a visão espiritual para lá do estágio físico.
É preciso lembrar que, em matéria de deformação, os complexos de culpa determinam inimagináveis alterações no corpo espiritual.
O homem vê unicamente o carro orgânico em que o espírito viaja no espaço e no tempo, buscando a evolução própria, mas habitualmente não enxerga os retoques de aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo, para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o desembarque na estação de destino.
À vista disso, o homem comum não conhece a face psicológica dos nossos irmãos suicidas e homicidas conscientes, ou daqueles outros que conscientemente se fazem pesadelos ou flagelos de coletividades inteiras. Devidamente reencarnados, em tarefas de reajuste, não mostram senão o quadro aflitivo que criaram para si próprios, de vez que todo espírito descende das próprias obras e revela consigo aquilo que fez de si mesmo.
Diante das crianças em prova ou dos irmãos enfermos, imaginados irrecuperáveis, medita e auxilia-os!
Ninguém, por agora, nas áreas do mundo físico, pode calcular a importância de alguns momentos ou de alguns dias para o espírito temporariamente internado num corpo doente ou disforme.
Perante todos aqueles que se abeiram da desencarnação, compadece-te e ajuda-os quanto puderes.
Recorda que a ciência humana é sempre um fato admirável, em transformação constante, embora respeitável pelos benefícios que presta. No entanto, não te esqueças de que a vida é sempre formação divina, e, por isto mesmo, em qualquer parte será sempre um ato permanente de amor.
Do cap. 20 do livro Diálogo dos Vivos, de autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.
Declaram-se muitos deles confrangidos diante dos problemas das crianças que surgem desfiguradas no berço, ou à frente dos portadores de enfermidades supostas irreversíveis, muitas vezes em estado comatoso nos recintos de assistência intensiva.
Alguns chegam a indagar se os pequeninos excepcionais devem ser considerados seres humanos e se existe piedade em delongar os constrangimentos dos enfermos interpretados por criaturas semimortas, insensíveis a qualquer reação. Entretanto, imaginam isso pela escassez dos recursos de espiritualidade de que dispõem para dilatar a visão espiritual para lá do estágio físico.
É preciso lembrar que, em matéria de deformação, os complexos de culpa determinam inimagináveis alterações no corpo espiritual.
O homem vê unicamente o carro orgânico em que o espírito viaja no espaço e no tempo, buscando a evolução própria, mas habitualmente não enxerga os retoques de aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo, para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o desembarque na estação de destino.
À vista disso, o homem comum não conhece a face psicológica dos nossos irmãos suicidas e homicidas conscientes, ou daqueles outros que conscientemente se fazem pesadelos ou flagelos de coletividades inteiras. Devidamente reencarnados, em tarefas de reajuste, não mostram senão o quadro aflitivo que criaram para si próprios, de vez que todo espírito descende das próprias obras e revela consigo aquilo que fez de si mesmo.
Diante das crianças em prova ou dos irmãos enfermos, imaginados irrecuperáveis, medita e auxilia-os!
Ninguém, por agora, nas áreas do mundo físico, pode calcular a importância de alguns momentos ou de alguns dias para o espírito temporariamente internado num corpo doente ou disforme.
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Perante todos aqueles que se abeiram da desencarnação, compadece-te e ajuda-os quanto puderes.
Recorda que a ciência humana é sempre um fato admirável, em transformação constante, embora respeitável pelos benefícios que presta. No entanto, não te esqueças de que a vida é sempre formação divina, e, por isto mesmo, em qualquer parte será sempre um ato permanente de amor.
Do cap. 20 do livro Diálogo dos Vivos, de autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Emmanuel Fala do Carnaval
Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.
É lamentável que, na época actual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objectivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização. Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o carácter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.
Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.
Ao lado dos mascarados da pseudoalegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.
Emmanuel/ Chico Xavier
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Medo
Coisa alguma se te afigure apavoradora.
A vida são as experiências vitoriosas ou não, que te ensejem aquisições para o equilíbrio e a sabedoria. Não sofras, portanto, por antecipação, nem permitas que o fantasma do medo te perturbe o discernimento ante os cometimentos úteis, ou te assuste, gerando perturbação e receio injustificado. Quando tememos algo, deixamo-nos dominar por forças desconhecidas da personalidade, que instalam lamentáveis processos de distonia nervosa, avançando para o desarranjo mental. Os acontecimentos são conforme ocorrem e como tal devem ser enfrentados. O medo avulta os contornos dos factos, tornando-os falsos e exagerando-lhes a significação. Predispõe mal, desgasta as forças e conduz a situação prejudicial sob qualquer aspecto se considere. O que se teme raramente ocorre como se espera, mesmo porque as interferências divinas sempre atenuam as dores, até quando não são solicitadas. O medo invalida a acção benéfica da prece, esparze pessimismo, precipita em abismos. Um facto examinado sob a constrição do medo descaracteriza-se, um conceito soa falso, um socorro não atinge com segurança. A pessoa com medo agride ou foge, exagera ou se exime da iniciativa feliz, torna-se difícil de ser ajudada e contamina, muitas vezes, outras menos robustas na convicção interna, desesperando-as, também. O medo pode ser comparado à sombra que altera e dificulta a visão real. Necessário combatê-lo sistemática, continuamente.
*
Doenças, problemas, notícias, viagens, revoluções, o porvir, não os temas. Nunca serão conforme supões. Uma atitude calma ajuda a tomada de posição para qualquer ocorrência aguardada ou que surge inesperadamente. Não são piores umas enfermidades do que outras. Todas fazem sofrer, especialmente quando se as teme e não se encoraja a recebê-las com elevada posição de confiança em Deus. Os problemas constituem recursos de que a vida dispõe para seleccionar os valores humanos e eleger os verdadeiros dos falsos lutadores. As notícias trazem informes que, sejam trágicos ou lenificadores, não modificam, senão, a estrutura de uma irrealidade que se está a viver. As viagens têm o seu fanal e recear acidentes, aguardá-los, exagerar providências, certamente não impedem que o homem seja bem ou mal sucedido. As revoluções e guerras que alcançam bons e maus, estão em relação à violência do próprio homem que, vencido pelo egoísmo, explode em agressividade. graças aos sentimentos predominantes em a sua natureza animal.
Ninguém pode prever o imprevisto ou evadir-se à necessária conjuntura cármica para o acerto com as Leis Superiores da evolução. Prudência, sim, é medida acautelatória e impostergável para se evitarem danos inecessários. Afinal, em face do medo, deve-se considerar que o pior que pode suceder a alguém é advir a desencarnação. Se tal ocorrer, não há, ainda, porque temer, desde que morrer é viver.
O único cuidado que convém examinar diz respeito à situação interior de cada um perante a consciência, ao próximo, à vida e a Deus. Em face disso, ao invés do sistemático cultivo do medo, uma disposição de trabalho árduo e intimorato, confiança em Deus, a fim de enfrentar bem e utilmente toda e qualquer coisa, facto, ocorrência, desdita ...
*
Entrega-te ao fervor do bem e expulsa da alma as artimanhas da inferioridade espiritual. Faz luz íntima e os receios infundados baterão em retirada.
A responsabilidade dar-te-há motivos para preocupações, enquanto o medo minimizará as tuas probabilidades de êxito.
A responsabilidade dar-te-há motivos para preocupações, enquanto o medo minimizará as tuas probabilidades de êxito.
Jesus, culminando a tarefa de construir nos tíbios corações humanos a ventura e a paz, açodado pelos famanazes da loucura em ambos os lados da vida, inocente e pulcro, não temeu nem se afligiu, ensinando como deve ser a atitude de todos nós, em relação ao que nos acontece e de que necessitamos para atingir a glorificação interior.
sábado, 26 de janeiro de 2013
domingo, 20 de janeiro de 2013
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
O que é o Espiritismo
“O Espiritismo é, como alguns o pensam, uma nova fé cega substituindo a uma outra fé cega ou, dito de outra forma, uma escravidão do pensamento sob uma nova forma?
Para crer nisso seria preciso se ignorasse os seus primeiros elementos. Com efeito, o Espiritismo coloca, em princípio, que antes de crer é preciso compreender; ora, para compreender, é preciso usar de seu julgamento; eis porque ele procura se dar conta de tudo em vez de nada admitir, em saber o “porquê” e o “como” de cada coisa; também os espíritas são mais cépticos do que muitos outros com relação aos fenómenos que saem do círculo das observações habituais. Ele não repousa sobre nenhuma teoria preconcebida ou hipotética, mas sobre a experiência e a observação dos fatos; em vez de dizer: “Creia em primeiro lugar e se puder compreenda em seguida”, ele diz: “Compreenda em primeiro lugar, e creia em seguida se você quiser.” Não se impõe a ninguém; diz a todos: “Veja, observe, compare e venha a nós livremente se tal lhe convier”. Falando assim, ele se adianta e corta as chances da concorrência. Se muitos vão a ele, é porque os satisfaz muito, mas ninguém o aceita de olhos fechados. Àqueles que não o aceitam, ele diz: “Você é livre, e não o quero; tudo que peço é que me deixe minha liberdade, como eu lhe deixo a sua. Se procura me afastar, por receio de que eu suplante você, é porque você não está bem certo de si.
O Espiritismo, procurando não descartar nenhum dos concorrentes dentro da liça aberta às ideias que devem prevalecer no mundo regenerado, está dentro das condições da verdadeira liberdade de pensamento; e não admitindo nenhuma teoria que não seja fundamentada sobre a observação, está, ao mesmo tempo, dentro daquelas de mais rigoroso positivismo; enfim, tem sobre seus adversários, de opiniões contrárias extremas, a vantagem da tolerância.”
R. E. 1867, p. 40
domingo, 13 de janeiro de 2013
O AGENTE DE PROPAGAÇÃO MAIS PODEROSO É O EXEMPLO
Venho esta noite, meus amigos, vos falar alguns instantes. Na última sessão, eu não respondi, estava ocupado em outra parte. Nossos trabalhos como Espíritos são muito mais extensos do que o podeis supor, e os instrumentos de nossos pensamentos não estão sempre disponíveis.
Tenho ainda alguns conselhos a vos dar sobre a marcha que deveis seguir frente ao público, com objectivo de fazer progredir a obra à qual devotei minha vida corpórea, cujo aperfeiçoamento prossigo na erraticidade. O que vos recomendarei, primeiro e sobretudo, é a tolerância, a afeição, a simpatia em relação de uns para com os outros, e também em relação aos incrédulos. Quando vedes na rua um cego, o primeiro sentimento que se vos impõe é a compaixão; que isto ocorra do mesmo modo com os vossos irmãos cujos olhos estão fechados e velados pelas trevas da ignorância ou da incredulidade; lamentai-os antes de censurá-los. Mostrai, pela vossa doçura, a vossa resignação para suportar os males desta vida, a vossa humildade em meio às satisfações, às vantagens e às alegrias que Deus vos envia, mostrai que há em vós um princípio superior, uma alma obediente a uma lei, a uma verdade superior também: o Espiritismo.
As brochuras, os jornais, os livros, as publicações de todas as espécies são meios poderosos de introduzir por toda a parte a luz, mas o mais seguro, o mais íntimo e o mais acessível a todos, é o exemplo na caridade, na doçura e no amor. Agradeço à Sociedade por vir em ajuda aos infortunados que lhe são indicados. Eis o bom Espiritismo, eis a verdadeira fraternidade. Ser irmãos: é ter os mesmos interesses, os mesmos pensamentos, o mesmo coração! Espíritas, vós sois todos irmãos na mais santa acepção da palavra. Em vos pedindo para vos amar uns aos outros, não faço senão lembrar as divinas palavras daquele que, há mil e oitocentos anos, trouxe sobre a Terra o primeiro germe da igualdade. Segui sua lei, ela é a vossa; não faço senão tornar mais palpável alguns desses ensinamentos. Obscuro operário daquele mestre, daquele Espírito superior emanado da fonte de luz, reflecti essa luz como o verme luzente reflecte a claridade de uma estrela. Mas a estrela brilha nos céus e o verme luzente brilha sobre a terra, nas trevas, tal é a diferença.
Continuai as tradições que vos deixei ao partir. Que o mais perfeito acordo, a maior simpatia, a mais sincera abnegação reine no seio da Comissão. Ela saberá, eu o espero, cumprir com honra, fidelidade e consciência, o mandato que lhe foi confiado.
Ah! Quando todos os homens compreenderem tudo o que encerram as palavras amor e caridade, não haverá mais sobre a Terra nem soldados nem inimigos, nela não haverá mais do que irmãos; não haverá mais os olhares irritados e ferozes, não haverá senão frontes inclinadas para Deus!
Até breve, caros amigos, e obrigado ainda em nome daquele que não esquece o copo d'água e o óbolo da viúva.
ALLAN KARDEC
(Sociedade de Paris, sessão de 30 de abril de 1869.)quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
MÚSICA ESPÍRITA
Recentemente, na sede da Sociedade Espírita de Paris, o Presidente fez-me a honra de pedir a minha opinião sobre o estado actual da música e sobre as modificações que poderiam me trazer a influência das crenças espíritas. Se não acedi em seguida a esse benevolente e simpático apelo, crede bem, senhores, que só uma causa maior motivou a minha abstenção.
Os músicos, ai! são homens como os outros, mais homens talvez, e, a esse titulo, são falíveis e pecáveis. Eu não fui isento de fraquezas, e se Deus me fez a vida longa a fim de dar o tempo de me arrepender, a embriaguez do sucesso, a complacência dos amigos, as adulações dos cortesãos, frequentemente, me arrebataram o meio. Um maestro é uma força, neste mundo onde o prazer desempenha um papel tão grande. Aquele cuja arte consiste em seduzir o ouvido, em abrandar o coração, vê muitas armadilhas serem criadas sob seus passos, e ele nelas cai, o infeliz! Ele se embriaga com a embriaguez dos outros; os aplausos lhe tapam os ouvidos, e ele vai directo ao abismo sem procurar um ponto de apoio para resistir ao arrastamento. No entanto, apesar de meus erros, tinha fé em Deus; acreditava na alma que vibrava em mim, e, livre de sua carriola sonora, depressa se reconheceu no meio das harmonias da criação e confundiu sua prece com aquelas que se elevam da Natureza ao infinito, da criatura ao ser incriado!...
Estou feliz pelo sentimento que minha vinda provocou entre os espíritas, porque foi a simpatia que a ditou, e, se a curiosidade de início me atraiu, é ao meu reconhecimento que devereis a minha apreciação da pergunta que me foi colocada. Eu estava lá, pronto para falar, crendo tudo saber, quando meu orgulho caindo desvendou-me a minha ignorância. Fiquei mudo e escutei; retornei, e me instruistes, e, quando as palavras de verdade emitidas por vossos instrutores se juntaram à reflexão e à meditação, disse a mim mesmo: O grande maestro Rossini, o criador de tantas obras-primas segundo os homens, não fez, ai! senão engrenar algumas das pérolas as menos perfeitas do escrínio musical criado pelo mestre dos mestres. Rossini reuniu as notas, compôs as melodias, provou a taça que contém todas as harmonias; ele ocultou algumas chamas ao fogo sagrado; mas, esse fogo sagrado nem ele, nem os outros criaram! - Nós não inventamos: nós copiamos do grande livro da Natureza e a multidão aplaude quando não tenhamos muito deformado a partitura.
Uma dissertação sobre a música celeste!... Quem poderia disto se encarregar! Que Espírito sobre-humano poderia fazer vibrar a matéria em uníssono com essa arte encantadora? Que cérebro humano, que Espírito encarnado poderia dela retirar nuances variadas ao infinito?... Quem possui a esse ponto o sentimento da harmonia?... Não, o homem não foi feito para semelhantes condições!... Mais tarde!... bem mais tarde!...
À espera, eu virei, logo talvez, satisfazer ao vosso desejo e vos dar a minha apreciação sobre o estado actual da música, e vos dizer as transformações, os progressos que o Espiritismo poderá nela introduzir. - Hoje é muito cedo ainda. O assunto é vasto, já o estudei, mas me extravasa ainda; quando dominá-lo, se, todavia, a coisa for possível, ou melhor, quando eu o tiver entrevisto tanto quanto o estado de meu espírito mo permitir, eu vos satisfarei; mas ainda um pouco de tempo. Se um músico pode sozinho muito falar da música do futuro, deve fazê-lo como mestre, e Rossini não quer falar como escolar.
ROSSINI.
(Paris, grupo Desliens, 9 de dezembro de 1868, médium, Sr. Desliens.)
domingo, 6 de janeiro de 2013
Aos Espíritas
Não vos receeis de certos obstáculos, de certas controvérsias.
A ninguém atormenteis com qualquer insistência. Aos incrédulos, a persuasão
não virá, senão pelo vosso desinteresse, senão pela vossa tolerância e pela vossa
caridade para com todos, sem excepção.
Guardai-vos, sobretudo, de violar a opinião, mesmo por palavras, ou por
demonstrações públicas. Quanto mais modestos fordes, tanto mais conseguireis tornar-vos
apreciados. Nenhum móvel pessoal vos faça agir e encontrareis nas vossas
consciências uma força de atracção que só o bem proporciona.
Por ordem de Deus, os Espíritos trabalham pelo progresso de todos, sem
excepção. Fazei o mesmo, vós outros, espíritas.
São Luís.
(Livro dos Médiuns)
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Renovar
Reflexões Espíritas
Todo o dia é tempo de renovar o destino.
Todo o instante é recurso de começar o melhor.
Não deixes, assim, para amanhã o bem que possas fazer.
Faze-o hoje.
Todo o dia é tempo de renovar o destino.
Todo o instante é recurso de começar o melhor.
Não deixes, assim, para amanhã o bem que possas fazer.
Faze-o hoje.
Emmanuel
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Judas entrevistado por Humberto de Campos
JUDAS ESCARIOTES
Mensagem recebida em 19 de Abril de 1935
Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.
Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições. Os espíritos podem vibrar em contacto directo com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.
Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionómica irradiava-se uma simpatia cativante.
- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.
- Judas?!...
- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus actos de antanho...
Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.
-O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot?
– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...
- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?
- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus actos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galileia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sinédrium desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra.
Jesus estava entre essas forças antagónicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planeei então uma revolta surda como se projecta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.
- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores.
Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...
- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.
- Sim... Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino...
Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor...Olho complacentemente os que me acusam sem reflectir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.
Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...
- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.
Judas afastou-se tomando a direcção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.
Extraído do livro Crónicas de além túmulo, por Francisco C. Xavier/ Humberto de Campos
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
A MEDIUNIDADE E A INSPIRAÇÃO
(Paris, grupo Desliens; 16 de fevereiro de 1869.)
Sob suas formas variadas ao infinito, a mediunidade abrange a Humanidade inteira, como uma rede da qual nada pode escapar. Todos estando diariamente em contacto, quer o saiba ou não, quer queira ou com isso se revolte, com inteligências livres, não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium. Sob a forma intuitiva, modo de comunicação ao qual o vulgo dá o nome de voz da consciência, cada um está em relação com várias influências espirituais, que aconselham num sentido ou num outro, e, frequentemente simultaneamente, ora o bem puro, absoluto; ora os acomodamentos com o interesse; ora o mal em toda sua nudez.- O homem evoca essas vozes; elas respondem ao seu chamado, e ele escolhe; mas escolhe, entre essas diferentes inspirações e seu próprio sentimento. -Os inspiradores são os amigos invisíveis; como os amigos da Terra, são sérios ou de passagem, interessados ou verdadeiramente guiados pela afeição. São consultados, ou aconselham espontaneamente, mas como os conselhos dos amigos da Terra, suas opiniões são escutadas ou rejeitadas; às vezes, eles provocam um resultado contrário àquele que deles se esperam; frequentemente, não produzem nenhum efeito. -Que se conclui disto? Não que o homem esteja sob a acção de uma mediunidade incessante, mas que obedece livremente à sua vontade, modificada pelos conselhos que não podem jamais, no estado normal, ser imperativos.
Quando o homem faz mais do que se ocupar dos pequenos detalhes de sua existência, e que trata dos trabalhos que veio mais especialmente cumprir, as provas decisivas que deve suportar, ou obras destinadas à instrução e à elevação gerais, as vozes da consciência não fazem mais somente e simplesmente aconselharem, elas atraem o Espírito sobre certos assuntos, elas provocam certos estudos e colaboram na obra fazendo ressoar certos compartimentos cerebrais pela inspiração. É aqui uma obra a dois, a três, a dez, a cem, se quiserdes; mas, se cem nela tomaram parte, um único pode e deve assiná-la, porque um único a fez e é dela responsável!
O que é uma obra o que quer que ela seja antes de tudo? Jamais é uma criação; é sempre uma descoberta. Um homem não faz nada, ele descobre tudo. É preciso evitar confundir esses dois termos. Inventar, em seu verdadeiro sentido, é pôr à luz uma lei existente, um conhecimento até então desconhecido, mas depositado em germe no berço do universo. Aquele que inventa levanta um dos cantos do véu que esconde a verdade, mas não cria a verdade. Para inventar, é preciso procurar e procurar muito; é preciso compulsar os livros, folhear no fundo das inteligências, pedir a um a mecânica, ao outro a geometria, a um terceiro o conhecimento das relações musicais, a um outro ainda as leis históricas, e, do todo, fazer alguma coisa nova, de interessante, inimaginada.
Aquele que explorou os recantos das bibliotecas, que escutou os mestres falarem, que pesquisou a ciência, a filosofia, a arte, a religião, da antiguidade mais recuada até nossos dias, por que o médium da arte, da história, da filosofia e da religião? É o médium dos tempos passados quando escreve a seu turno? Não, porque ele não conta os outros, mas aprendeu dos outros a contar, e enriquece seus relatos de tudo o que lhe é pessoal. - O músico por muito tempo escutou a toutinegra e o rouxinol, antes de inventar a música; Rossini escutou a Natureza antes de traduzi-la ao mundo civilizado. Ele é o médium do rouxinol e da toutinegra? Não, ele compõe e escreve. Escutou o Espírito que veio cantar-lhe as melodias do céu; escutou o Espírito que uivou a paixão aos seus ouvidos; ouviu gemerem a virgem e a mãe deixando cair, em pérolas harmoniosas, sua prece sobre a cabeça de seu filho. O amor e a poesia, a liberdade, o ódio, a vingança, e quantidade dos Espíritos que possuem esses sentimentos diversos, alternativamente cantaram suas partituras aos seus ouvidos. Ele os escutou, os estudou, no mundo e na inspiração, e de um e de outro, fez as suas obras; mas não era médium, não mais do que não é médium o médico que ouve os doentes contarem o que sentem e que dá o nome às suas doenças. - A mediunidade teve suas horas nele como em todo outro; mas fora desses momentos muito curtos para a sua glória; o que fez, ele o fez só com a ajuda dos estudos hauridos nos homens e nos Espíritos.
A esta conta, é-se médium de todos; é-se o médium da Natureza, o médium da verdade, e médium bem perfeito, porque, frequentemente, ela aparece de tal modo desfigurada pela tradução, que ela é irreconhecível e desconhecida.
HALÉVY.
Revista Espírita de Março de 1869.
sábado, 10 de novembro de 2012
O Segredo da Oração
No ano 24 d.C.,
Jesus se reunia em Cafarnaum com um pequeno grupo de discípulos, (entre os
quais se encontrava José de Arimateia, em convalescença após grande viagem onde
contraíra uma doença) para discutirem questões filosóficas, quando surge a
questão da prece:
“ Seu senso de
humor se fazia evidente com frequência em seu sarcasmo e, embora fossem amigos
a quem ele amava, ele utilizava as farpas do sarcasmo para fazer com que suas
mensagens atingissem o alvo.
-Se seu Pai
celestial é omnisciente, como bem afirmamos – começava ele – não saberá de
nossas necessidades antes de lhas contarmos? Não conhecerá a dimensão completa
das nossas necessidades até mesmo melhor do que nós? Então você, só está
diminuindo Deus quando se atreve a lhe contar o problema, não é mesmo?
Isto, era algo
bem elaborado, mas de um enorme bom senso, como até mesmo os pescadores e
colectores de impostos entendiam. Ele insistia mais ainda para que, ao rezar,
não se mantivesse em mente uma solução pré-concebida para o problema.
- Porque vocês
limitam Deus? – Dizia. – Deus pode imaginar soluções para lhes oferecer que são
centenas de vezes mais generosas e desejáveis do que jamais imaginariam! Dêem a
Deus a oportunidade de demonstrar seu amor por vocês!
- Mas, se nós
não contarmos os nossos problemas e não ficarmos pensando na solução desejada –
perguntou o surpreso Simão, - o que devemos dizer e que pensamentos devemos
manter em nossas mentes?
- Ah, Simão! – Respondeu
– Você chega tão perto da iluminação, mas não consegue ver o último passo. A
resposta é simples, não é? – Dizia, enquanto olhava ao redor do círculo. Ao não
obter resposta, ele completaria:
- Não digam
nada! Esvaziem suas mentes, completamente! Esta é a prece perfeita. Então, Deus
falará com você! E este é o grande segredo da oração que poucos homens
conhecem.
De novo Simão,
teimosamente arremeteria:
- Mas, Mestre,
como esvaziar nossas mentes? Não importa se estou descansando ou trabalhando,
minha mente é sempre um turbilhão: penso em meus problemas, esperanças e
sonhos, coisas que podem ser bobas, mas estou sempre pensando. Não consigo
pensar uma maneira de esvaziar minha mente!
- Simão, Simão
– respondeu Jesus amorosamente, - jamais preciso me preocupar quando você está
comigo, pois você sempre me lembrará o que é necessário. Sim, preciso ensinar
como esvaziar suas mentes, pois é só desta maneira que a voz imperturbável e
baixa de Deus os poderá guiar. Durante o tempo que nos é dado para estarmos
juntos, eu lhes falarei a respeito da sabedoria que agora vocês podem aceitar.
Além disso, vocês aprenderão pouco a pouco à medida que ouvem, enquanto Deus,
nosso Pai, vos fala durante a meditação; pois Ele sempre saberá exactamente o
que precisam e quanto podem aceitar.
A partir daí,
durante vários fins-de-semana seguidos, ele nos orientou delicadamente em
meditações guiadas, de vários tipos, as quais ele aprendera durante suas
viagens. Estes exercícios tinham um só objectivo: concentrar nossas mentes e,
então, aquietá-las.”
Enxerto do Livro "José de Arimateia o Discípulo de Jesus" de Frank C. Tribbe
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Momento da Gloriosa Transição
... Estamos agora em um novo período.
Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração.
A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de bênçãos. Retroceder não mais é possível.
Firmastes, filhas e filhos da alma, um compromisso com Jesus, antes de mergulhardes na indumentária carnal, o de servi-lo com abnegação e devotamento.
Prometestes que lhes seríeis fiéis mesmo que vos fosse exigido o sacrifício.
Alargando-se os horizontes desse amanhecer que viaja para a plenitude do dia, exultemos juntos – os Espíritos desencarnados e vós outros que transitais pelo mundo de sombras – mas, além do júbilo que a todos nos domina, tenhamos em mente as graves responsabilidades que nos exornam a existência no corpo ou fora dele.
Deveremos reviver os dias inolvidáveis da época do martirológio. Seremos convidados, não somente ao aplauso, ao entusiasmo, ao júbilo, mas também ao testemunho. O testemunho silencioso nas paisagens internas da alma. O testemunho por amor àqueles que não nos amam. O testemunho de abnegação no sentido de ajudar aqueles que ainda se comprazem em gerar dificuldades, tentando inutilmente obstaculizar a marcha do progresso.
Iniciada a grande transição, chegaremos ao clímax, e na razão directa em que o planeta experimenta as suas mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais são inadiáveis.
Que sejamos nós aqueles Espíritos espíritas que demonstremos a grandeza do amor de Jesus em nossas vidas!
Que outros reclamem, que outros se queixem, que outros deblaterem, que nós outros guardemos nos refolhos da alma o compromisso de amar e amar sempre, trazendo Jesus de volta com toda a pujança daqueles dias que vão longe e que estão muito perto...
Jesus, filhas e filhos queridos, espera por nós! Que sejam o nosso escudo o amor, as nossas ferramentas o amor e a nossa vida um hino de amor! São os votos que formulamos, os Espíritos-espíritas aqui presentes, e que me sugeriram representá-los diante de vós.
Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra
Muita paz, filhas e filhos do coração!
(Mensagem psicofónica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento das comemorações do Centenário de Nascimento de Chico Xavier, realizadas no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, no dia 18 de abril de 2010.)
domingo, 7 de outubro de 2012
Prescrições de Paz
"Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,
pois o amanhã trará os seus cuidados..."
- JESUS. (Mateus, 6:34.).
imunizar-nos contra a influência de aflições e tensões, nas quais, tanta vez
imprevidentemente arruinamos tempo e vida:
- corrigir em nós as deficiências suscetíveis de conserto, e aceitar-nos, nas falhas cuja
supressão não depende ainda de nós, fazendo de nossa presença o melhor que pudermos,
no erguimento da felicidade e do progresso de todos:
- tolerar os obstáculos com que somos atingidos, ante os impositivos do aperfeiçoamento
moral, e entender que os outros carregam igualmente os deles;
- observar ofensas como retratos dos ofensores, sem traçar-nos a obrigação de recolher
semelhantes clichês de sombra;
- abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas para o futuro, que provavelmente
nunca virão a sobrevir;
- admitir os pensamentos de culpa que tenhamos adquirido, mas buscando extinguir-lhes os
focos de vibrações em desequilíbrio, através de reajustamento e trabalho;
- nem desprezar os entes queridos, nem prejudicá-los com a chamada superproteção
tendente a escravizá-los ao nosso modo de ser;
- não exigir do próximo aquilo que o próximo ainda não consegue fazer;
- nada pedir sem dar de nós mesmos;
- respeitar os pontos de vista alheios, ainda quando se patenteiam contra nós, convencidos
quanto devemos estar de que pontos de vista são maneiras, crenças, opiniões e afirmações
peculiares a cada um;
- não ignorar as crises do mundo; entretanto, reconhecer que, se reequilibrarmos o nosso
próprio mundo por dentro - esculpindo-lhe a tranquilidade e a segurança em alicerces de
compreensão e actividade, discernimento e serviço - perceberemos, de pronto, que as crises
externas são fenómenos necessários ao burilamento da vida, para que a vida não se
tresmalhe da rota que as Leis do Universo lhe assinalam no rumo da perfeição.
Ceifa de Luz, Emmanuel/Chico Xavier
sábado, 15 de setembro de 2012
Quando o homem gravar em sua alma a Divina Lei
Quando o homem gravar na própria alma
Os parágrafos luminosos da Divina Lei,
O companheiro não repreenderá o companheiro,
O irmão não denunciará outro irmão.
O cárcere cerrará suas portas,
Os tribunais quedarão em silêncio.
Canhões serão convertidos em arados,
Homens de armas volverão à sementeira do solo.
O ódio será expulso do mundo,
As baionetas repousarão,
As máquinas não vomitarão chamas para o
incêndio e para a morte,
Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário.
A justiça será ultrapassada pelo amor,
Os filhos da fé não somente serão justos,
Mas bons, profundamente bons.
A prece constituir-se-á de alegria e louvor
E as casas de oração estarão consagradas ao trabalho sublime da
fraternidade suprema.
A pregação da Lei
Viverá nos atos e pensamentos de todos,
Porque o Cordeiro de Deus
Terá transformado o coração de cada homem
Em tabernáculo de luz eterna,
Em que o seu Reino Divino
Resplandecerá para sempre.
Do livro "Pão Nosso" - Francisco Cândido Xavier/Emmanuel.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
Necessário Acordar
"Desperta, ó tu que dormes, levanta-te
dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá."
- Paulo Efésios 5:14
Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus. Alguns encontram obscuridade nos textos, outros protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra.
Esses amigos, entretanto, não percebem que isto ocorre, porque permanecem dormindo, vítimas de paralisia das faculdades superiores.
Na maioria das ocasiões, os convites divinos passam por eles, sugestivos e santificantes; todavia, os companheiros distraídos interpretam-nos por cenas sagradas, dignas de louvor, mas depressa relegadas ao esquecimento. O coração não adere, dormitando amortecido, incapaz de analisar e compreender. A criatura necessita indagar de si mesma o que faz, o que deseja, a que propósitos atende e a que finalidades se destina. Faz-se indispensável examinar-se, emergir da animalidade e erguer-se para senhorear o próprio caminho.
Grandes massas, supostamente religiosas, vão sendo conduzidas, através das circunstâncias de cada dia, quais fileiras de sonâmbulos inconscientes. Fala-se em Deus, em fé e em espiritualidade, qual se respirassem na estranha atmosfera de escuro pesadelo. Sacudidas pela corrente incessante do rio da vida, rolam no turbilhão dos acontecimentos, enceguecidas, dormentes e semimortas até que despertem e se levantem, através do esforço pessoal, a fim de que o Cristo as esclareça.
(De “Pão Nosso”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Evangelho no Lar
1. Escolha o dia de sua preferência. Sugerimos um dia de fácil memorização, por exemplo, segunda ou sexta-feira.
2. Escolha um aposento silencioso e agradável da casa, de preferência a sala de jantar, e que esteja com os aparelhos eletro-eletrônicos desligados.
3. Coloque uma jarra com água sobre a mesa, para fluidificação. Na falta dessa podem ser utilizados copos, qualquer um, em número correspondente aos integrantes do Evangelho.
4. Sentar-se à mesa sem alarde e sem barulho.
5. Fazer a prece de abertura, a que toque mais fundamente o sentimento familiar. Pode ser uma prece pronta ou uma prece espontânea, o importante é, repetimos, o sentimento da fé e a confiança na Proteção Divina.
6. Após, fazer uma leitura breve de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Comentar com palavras próprias o trecho lido. No início poderá existir certa timidez mas, com o correr do tempo, os comentários surgirão espontaneamente pois que os Espíritos amigos estarão auxiliando na compreensão dos textos selecionados.
7. Os demais integrantes poderão tecer comentários também, caso o desejem, mesmo que estes levem a assuntos pessoais e/ou a diálogos, naturalmente que sempre pertinentes ao tema em foco. O Evangelho no Lar é antes de tudo uma reunião de Espíritos reencarnados no mesmo ambiente, buscando através da prece, da elevação de pensamentos e do diálogo fraterno, o amparo e o auxílio do Mais Alto para seus problemas e necessidades. Não deve ser jamais solene ou ritualístico, com palavras e movimentos decorados a lembrar missas e demais cultos.
8. Para incentivar a participação dos filhos ou demais membros, com exceção do pequeninos, é conveniente pedir que leiam mensagens espíritas, para reflexão do grupo. Incentivar também, com carinho, o comentário após a leitura. Sugerimos aqui os livros Fonte Viva e/ou Pão Nosso, de Emmanuel, Agenda Cristã e/ou Sinal Verde, de André Luiz.
9. Proferir a prece de encerramento e rogar, como exemplo, pela paz, harmonia, saúde e felicidade dos membros da reunião e de todos com os quais convivem. Desejando, rogar também pelos doentes, desamparados e infelizes da Terra. Por último, pedir a bênção de Deus para os familiares desencarnados, sem temor. A lembrança da prece alegra e pacifica os que partiram.
10. É completamente desaconselhável qualquer manifestação mediúnica durante o Evangelho no Lar.
11. Servir, após a prece de encerramento, a água fluidificada.
12. Tempo: o necessário para a família. Sugerimos uma reunião de 15 a 30 minutos. Música: sim, se for do agrado de todos. Sugerimos música instrumental, em volume baixo.
Elaborado pelo Instituto André Luiz
Site Espírita André Luiz - www.institutoandreluiz.org/
quinta-feira, 19 de julho de 2012
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Determinismo e Livre-arbítrio
Determinismo e Livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens.
O primeiro é absoluto nas mais baixas camadas evolutivas e o segundo amplia-se com os valores da educação e da experiência.
A determinação divina na sagrada lei universal é sempre a do bem e da felicidade, para todas as criaturas.
No lar humano, não vedes um pai generoso e ativo, com um largo programa de trabalhos pela ventura dos filhos? E cada filho, cessado o esforço da educação na infância, na preparação para a vida, não deveria ser um colaborador fiel da generosa providência paterna pelo bem de toda a comunidade familiar? Entretanto, a maioria dos pais humanos deixa a terra sem ser compreendida, apesar de todo esforço despendido na educação dos filhos.
Nessa imagem muito frágil, em comparação com a paternidade divina, temos um símile da situação.
O Espírito que, de algum modo, já armazenou certos valores educativos, é convocado para esse ou aquele trabalho de responsabilidade junto de outros seres em provação rude, ou em busca de conhecimentos para a aquisição da liberdade. Esse trabalho deve ser levado a efeito na linha reta do bem, de modo que esse filho seja o bom cooperador do Pai Supremo, que é Deus. O administrador de uma instituição, o chefe de oficina, o escritor de um livro, o mestre de uma escola, têm a sua parcela de independência para colaborar na obra divina, e devem retribuir a confiança espiritual que lhes foi deferida. Os que se educam e conquistam direitos naturais, inerentes à personalidade, deixam de obedecer, de modo absoluto, no determinismo da evolução, porquanto estarão aptos a cooperar no serviço das ordenações, podendo criar as circunstâncias para a marcha ascensional de seus subordinados e irmãos em humanidade, no mecanismo de responsabilidade da consciência esclarecida.
Nesse trabalho de ordenar com Deus, o filho necessita considerar o zelo e o amor paternos, a fim de não desviar sua tarefa do caminho reto, supondo-se senhor arbitrário das situações, complicando a vida da família humana, e adquirindo determinados compromissos, por vezes bastante penosos, porque, contrariamente ao propósito dos pais, há filhos que desbaratam os “talentos” colocados em suas mãos, na preguiça, no egoísmo, na vaidade e no orgulho.
Daí a necessidade de concluirmos com a apologia da Humanidade, salientando que o homem que atingiu certa parcela de liberdade está retribuindo a confiança do Senhor, sempre que age com a sua vontade misericordiosa e sábia, reconhecendo que o seu esforço individual vale muito, não por ele, mas pelo amor de Deus que o protege e ilumina na edificação de sua obra imortal.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier/Emmanuel.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Medicina não reconhece obsessão
Em termos históricos sabe-se que a Medicina Ocidental como um todo e a Psiquiatria, em particular, têm apresentado posturas de negligência ou oposição em relação à religiosidade e à espiritualidade. A negligência se evidencia por desconsiderar a importância desses dois aspectos em termos de saúde ou por se encontrarem à margem do interesse principal. Por outro lado a oposição ocorre por se acreditar que as diversas experiências ditas religiosas eram características marcantes de psicopatologias das mais variadas. No entanto, diversos estudos têm surgido apresentando associação positiva entre religiosidade/espiritualidade e saúde. O destaque maior se direciona para os transtornos mentais e de conduta, indicando que a religiosidade é fator protetor para o suicídio, abuso de drogas e álcool, comportamento delinqüente, sofrimento psicológico e alguns diagnósticos de psicoses funcionais. Também se sabe que pacientes deprimidos os quais mantém algum vínculo religioso permanecem menos tempo internados comparados aos não religiosos.
Atenta a esses estudos a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem discutido, desde 1983 na Assembléia Mundial de Saúde, a inclusão da dimensão “espiritual” no seu clássico conceito de saúde. Dessa forma, saúde seria considerada “um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença”. No entanto, o assunto permanece em discussão e a OMS tem rejeitado a modificação do conceito já conhecido nas mais diversas Assembléias que tem realizado desde então. Por outro lado, devido à importância crescente a qual tem obtido a qualidade de vida como medida de avaliação de resultados de tratamento médico a OMS desenvolveu o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100). Através de tal instrumento buscou-se, em primeiro lugar, conceituar-se qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
O WHOQOL-100 consiste em 100 perguntas referentes a seis domínios, entre os quais o domínio “espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais”. A elaboração deste domínio conta com a base conceitual de qualidade de vida transcrito acima e é descrita como sendo a faceta a qual “examina as crenças da pessoa e como estas afetam a qualidade de vida”. É importante salientar a ênfase dada aos termos “contexto da cultura”, “sistema de valores” e “crenças da pessoa”. O construto espiritualidade para a OMS apresenta o valor intrínseco para avaliação em saúde e o quanto essa dimensão oferece ao indivíduo um referencial de significados para enfrentar as suas dificuldades de doença. Com isso, conclui-se que a espiritualidade não é considerada no seu valor ontológico com a aceitação de uma realidade espiritual “imaterial”. Isso, diferente do que é indicado pela Doutrina Espírita a qual considera o Espírito com um Ser real e admite o intercâmbio com inteligências extracorpóreas, além da pluralidade das existências.
Outro ponto a ser considerado são os fenômenos psíquicos caracterizados, sobretudo por experiências psicóticas e anômalas as quais são frequentes na população geral sem indicar, necessariamente, transtornos psicóticos ou dissociativos de caráter patológico. O diagnóstico diferencial entre tais experiências, em especial as de conteúdo espiritual e religioso, e os transtornos mentais citados é essencial para se evitar diagnósticos errôneos e iatrogenia. Nesse ponto a OMS através da Classificação Internacional de Doenças (CID 10), assim como da 4° Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, busca direcionar a atenção clínica com o objetivo de justificar a avaliação de experiências religiosas e espirituais vivenciadas em fenômenos de “transe e possessão” como parte constituinte da investigação psiquiátrica sem, no entanto, caracterizá-las como psicopatológicas. No entanto, tais manuais não tratam de etiologia e, portanto, em hipótese alguma, cogitam a ação de seres extracorpóreos sobre seres que sofrem tais experiências. Mais uma vez, a visão, nesse sentido, obedece ao “contexto da cultura”, o “sistema de valores” e a “crença da pessoa”. A Medicina, dessa forma, não reconhece a obsessão.
É inegável que a Ciência dita oficial deve, sem dúvida alguma, abrir-se a novas hipóteses se isentando de todo e qualquer preconceito. Aliás, são os preconceitos os quais tem levado à idéia equivocada do materialismo como fato científico. Pode-se, no máximo, afirmar que o materialismo é crença e é nela que têm se baseado teorias reducionistas que por hora não tem encerrado o debate, por exemplo, da relação mente-corpo. Porém, ainda existe uma enorme distância entre a compreensão do que é a dimensão espiritual para a comunidade científica vigente e a maneira com a qual é descortinada pela Doutrina Espírita. A “pobreza da linguagem humana”, tal qual colocado de forma constante pelos Espíritos em “O Livro dos Espíritos”, leva os indivíduos a se utilizarem de termos iguais para definirem idéias diferentes. Haja vista os termos “espiritualidade”, “transe” e “possessão” conforme transcrito acima. Kardec, em a Introdução do “Livro dos Espíritos”, “Ao Estudo da Doutrina Espírita”, já alerta para a “confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras”. Tal confusão ocorre nos mais diversos segmentos da sociedade e nas mais distintas culturas. No meio científico não é diferente.
Mas, além disso tudo, o Espiritualismo no seu sentido geral, caso não se baseie em sólidas bases filosóficas e científicas também será visto como crença. Cabe aos ditos espiritualistas sedimentar seus estudos através de pesquisas sérias e conceitos os quais não sugiram confusão. Daí a necessidade de homogeneizar a linguagem e somar conhecimentos para criar uma sólida integração entre Ciência e Espiritualidade/Espiritismo. Isso, pois, ainda como colocado por Kardec no texto supracitado, o fato dos espiritualistas se oporem ao materialismo não significa que creiam na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o chamado mundo invisível.
Referências bibliográficas
Kardec A 1857. Ao Estudo da Doutrina Espírita – Introdução. O Livro dos Espíritos, 91° edição, pg.15-16. FEB editora.
Fleck MPA 2000. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, 5(1):33-38.
Fleck MPA et al. 2003. Desenvolvimento do WHOQOL, módulo espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais. Rev Saúde Pública, 37(4): 446-55.
Moreira-Almeida A, Cardeña E. 2011. Diagnóstico diferencial entre experiências espirituais e psicóticas não patológicas e transtornos mentais: uma contribuição de estudos latino-americanos para o CID-11. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol 33, Supl I.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Morri e agora!?
Geraldo Campetti Sobrinho
Breves reflexões sobre a morte.
A principal surpresa do indivíduo ao se defrontar com a experiência da morte é a de que continua vivo. A morte não existe. Acreditar na imortalidade espiritual implica em modificar por completo os padrões de vida quando comparados com o perfil do materialista, que não crê em nada além da morte. Aquele que imagina o fim absoluto ao término da existência física não tem razão alguma para ser uma boa pessoa, ajudar o outro, ser honesto, solidário, caridoso. Tudo deixará de existir mesmo; então, para que considerar a ética e os valores defendidos pelos moralistas?
No entanto, quando admitimos a continuidade existencial após o sepulcro, somos naturalmente impelidos a adotar mínimas providências para considerar como ficará nossa situação do outro lado da vida.As concepções religiosas acerca do assunto são variadas e, às vezes, conflitantes. Mas, esta é a razão da existência de diversas religiões, pois cada uma explica à sua maneira como ficará a alma após a morte do corpo físico. Céu, inferno, purgatório, sono eterno, espera de julgamento são opções tradicionais que as doutrinas dogmáticas ofertam a seus profitentes. O Espiritismo tem mais a oferecer.
No entanto, quando admitimos a continuidade existencial após o sepulcro, somos naturalmente impelidos a adotar mínimas providências para considerar como ficará nossa situação do outro lado da vida.As concepções religiosas acerca do assunto são variadas e, às vezes, conflitantes. Mas, esta é a razão da existência de diversas religiões, pois cada uma explica à sua maneira como ficará a alma após a morte do corpo físico. Céu, inferno, purgatório, sono eterno, espera de julgamento são opções tradicionais que as doutrinas dogmáticas ofertam a seus profitentes. O Espiritismo tem mais a oferecer.
A vida futura contém a explicação para o entendimento da mensagem de Jesus. Sem a perspectiva do porvir, ficamos limitados a estreitos horizontes que nos impedem de ampliar a visão para entendimento mais amplo do verdadeiro significado da vida, em sua expressão de imortalidade. Um amigo comentava ainda outro dia: “o maior patrimônio que Deus ofereceu ao homem foi conferir-lhe o dom de ser imortal”. Essa condição é inerente à nossa natureza. Portanto, não há como excluí-la, por mais que alguém tenha esse propósito. Nem nós mesmos conseguimos eliminar a essência divina que guardamos na intimidade do ser, pois reconhecer a paternidade de Deus implica assumir a postura de filhos. Entretanto, por mais que tenhamos a ideia de nossa imortalidade, a experiência da morte física é algo que ainda nos causa estranheza, surpresa e, por que não dizer, em algumas situações, mal-estar?!
Nascemos, morremos, renascemos inúmeras vezes, e continuamos nos acertos e desacertos das provas e expiações, repetindo lições não aprendidas, indo e vindo e tornando a voltar... E a morte, ainda nos causando enorme impacto! Quando observamos e acompanhamos entes queridos, familiares ou amigos próximos, despedindo-se da vida impermanente e acessando o portal da realidade imorredoura, é quase inevitável refletirmos sobre a transitoriedade da existência passageira e a importância da vida perene.
É indispensável que tais reflexões se manifestem enquanto estivermos a caminho, do lado de cá. E o Espiritismo concede-nos essa extraordinária oportunidade, por nos oferecer os elementos indispensáveis para que pensemos mais amplamente, entendendo a essência da vida no antes e depois da breve passagem pela vida material.
Do outro lado da vida não há milagres. E a morte não nos transformará num “passe de mágica”. A situação a ser encontrada por lá é exatamente a que estamos construindo aqui neste momento. Por isso, não percamos tempo em dúvidas e questionamentos desnecessários; esforcemo-nos por praticar a lei de justiça, amor e caridade em sua essência e plenitude. Isso sim é que fará a diferença fundamental entre a nossa felicidade ou infelicidade no grande amanhã que aguarda a todos.
Referências:
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 28, it. 40 e 41.
______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 165. SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da morte? 3. ed. Bauru, SP: CEAC, 2003. XAVIER, Francisco C. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
Do outro lado da vida não há milagres. E a morte não nos transformará num “passe de mágica”. A situação a ser encontrada por lá é exatamente a que estamos construindo aqui neste momento. Por isso, não percamos tempo em dúvidas e questionamentos desnecessários; esforcemo-nos por praticar a lei de justiça, amor e caridade em sua essência e plenitude. Isso sim é que fará a diferença fundamental entre a nossa felicidade ou infelicidade no grande amanhã que aguarda a todos.
Referências:
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 28, it. 40 e 41.
______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 165. SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da morte? 3. ed. Bauru, SP: CEAC, 2003. XAVIER, Francisco C. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
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